O Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP) realizou nesta quarta-feira (08) a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, sepultado no Cemitério São Vicente, em Canoas. A iniciativa foi autorizada judicialmente e integra as investigações do caso do bolo envenenado que causou a morte de outras três pessoas em Torres.
A partir da análise pericial, a polícia pretende concluir se Paulo, marido de Zeli Teresinha dos Anjos, de 61 anos, que preparou o bolo e segue hospitalizada, também foi morto por envenenamento, a exemplo das três pessoas que morreram após comerem o doce na confraternização familiar de dezembro.
O procedimento foi conduzido por uma equipe técnica especializada do Departamento Médico-Legal (DML), com suporte logístico para a remoção e transporte do corpo até o DML de Porto Alegre. Durante a exumação, os peritos coletaram amostras biológicas que serão submetidas a análises laboratoriais para identificar a presença de substâncias tóxicas, em especial o arsênio.
O arsênio, um metal pesado conhecido por sua alta toxicidade, é capaz de permanecer detectável no organismo humano mesmo após um longo período. Essa característica possibilita que exames laboratoriais avancem na comprovação de sua presença em casos de morte suspeita. Além disso, a investigação também abordará outras substâncias que possam ter contribuído para o óbito.
Após a coleta de material genético, o corpo foi devolvido ao túmulo, cumprindo os protocolos legais e técnicos estabelecidos para exumações.
Conexão com outras mortes
As suspeitas tiveram início durante as investigações. Inicialmente, o marido de Zeli, que faleceu em setembro de 2024, teria morrido em decorrência de complicações causadas por uma intoxicação alimentar. Contudo, a partir das conexões feitas pela polícia, há indícios de que ele possa ter sido morto intencionalmente ao ingerir veneno.
Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, é a principal suspeita de ter envenenado o bolo consumido por seis pessoas na antevéspera de Natal. A mulher, que é casada com o filho de Paulo e Zeli, foi presa pela Polícia Civil (PC) no último domingo (05).
“Com a exumação, acredito que teremos outras respostas no inquérito e saberemos se há conexão entre as mortes”, afirmou a delegada de Polícia Regional Sabrina Deffente durante a coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (06).
Um dos indícios que faz a polícia acreditar nessa possibilidade é o fato de ter encontrado pesquisas sobre arsênio no celular de Deise, apreendido durante as investigações.