O levantamento diário de atendimentos realizados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) nas praias do Litoral Norte gaúcho mostra um crescimento expressivo no número de casos de lesões provocadas por águas-vivas em banhistas na orla da região. Dados divulgados nesta quarta-feira (10) apontam que, em 24 horas, quase 800 casos foram registrados nas 12 praias da região monitoradas pela 7ª Operação Verão. Capão da Canoa lidera o ranking de casos na temporada.
Entre a segunda (08) e a terça-feira (09), 631 registros de lesões foram incluídos no levantamento dos guarda-vidas somente nas praias do Litoral Norte gaúcho. Em Tramandaí, um salto preocupante: de 35 casos na segunda, o boletim passou a informar 228 casos na terça, um crescimento de quase 552% em apenas um dia.
A maioria dos registros realizados pelos guarda-vidas na terça-feira (09), aliás, ocorreu em Tramandaí. Somando os dados da praia central e também da área de Nova Tramandaí, foram 290 episódios de banhistas relatando contato com o animal marinho. Para efeitos de comparação, a localidade com menos registros no mesmo dia foi Capão da Canoa que, desconsiderando os dados individuais do distrito de Capão Novo, teve apenas 92 relatos.
Ainda conforme o levantamento do Corpo de Bombeiros, a praia do Litoral Norte com maior incidência de casos de lesões provocadas por água-viva nesta temporada é Capão da Canoa. Desde o final de dezembro do ano passado até essa terça, 1.338 casos haviam sido registrados somente na área central da orla do município. Em Capão Novo, que possui contabilização à parte, foram 477. Praias como Xangri-Lá (871 casos), Torres (855), Cidreira (755), Balneário Pinhal (675) apresentam índices ainda menores.
Apesar do preocupante aumento em um curto espaço de tempo, o número não chega a representar um crescimento em relação à temporada passada. No mesmo período de 2023, a Operação Verão já contabilizava um total de 8.657 casos de queimaduras por água-viva, número cerca de 3,49% maior em relação ao da atual temporada (8.355).
Cuidados necessários
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção Rio Grande do Sul (SBD-RS), o contato dos tentáculos das águas-vivas com a pele causa dor e ardência na região atingida, sendo mais intenso e duradouro conforme a quantidade de tentáculos envolvidos e a espécie do animal. As águas-vivas que causam sintomas maiores, como circulatórios e neurológicos, não existem no Brasil.
A entidade indica que a primeira medida a ser tomada é a limpeza da região atingida com água do mar, pois a água doce pode agravar a lesão. A água do mar, quando aplicada sem fricção sobre a pele, ajuda a não aumentar o dano causado pelo veneno e ainda remove os resíduos dos tentáculos.
Outras medidas a serem tomadas logo após a queimadura objetivam a diminuição dos sintomas. Várias substâncias já foram estudadas, porém as com maior evidência científica são a aplicação local de vinagre —que pode ser encontrado na maioria das guaritas da orla gaúcha — ou bicarbonato de sódio, que pode ser diluído em água do mar, e/ou imersão da região corporal afetada em água morna.
Após o alívio dos primeiros sintomas da queimadura, a pessoa atingida pode continuar apresentando dor, ardência ou coceira leves a moderadas no local. Estes sintomas podem ser aliviados com o uso oral de analgésicos. Geralmente a pele queimada permanece vermelha ou rosada por alguns dias, sendo importante a proteção solar adequada, para não ocorrerem manchas residuais.
Um dermatologista deve ser consultado para esclarecimento e prescrição de terapia adequada para alívio de sintomas mais intensos ou no caso de complicações.