Por Tatiane de Sousa, Jornalista
Dinheiro, amor e sucesso. Afinal, o que garante a felicidade? O ‘Relatório Mundial de Felicidade 2024’, pesquisa realizada pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável e apoiada pela Organização das Nações Unidas (ONU), aponta que nada disso é prioridade na lista das pessoas dos países que lideram o ranking de contentamento.
O trabalho avalia a percepção de residentes em 143 países. São avaliados os fatores ajuda social, renda, saúde, liberdade, generosidade e ausência de corrupção. Para o resultado são coletadas informações de cerca de 1.000 cidadãos de cada local pela pesquisadora Gallup.
Pelo sétimo ano consecutivo, a Finlândia lidera o pódio seguida pela Dinamarca, Islândia e Suécia. O professor e economista da Universidade Feevale, José Antônio Serra, explica que não é por acaso que esses países estão no topo da lista: “São sociedades de Renda Alta e que alcançaram o desenvolvimento econômico e humano e enfatizam menos a religião, com altos níveis de confiança e tolerância, e priorizam à proteção ambiental”. Estudos apontam que o nível de segurança econômica tem um forte impacto na felicidade das pessoas em sociedades de baixa renda e que a felicidade dos mais ricos inclui a sensação de que sua liberdade está mais protegida. “Portanto, viver em uma sociedade tolerante aumenta as chances de sentir maior liberdade de escolha e o controle que as pessoas têm sobre o desenrolar de suas vidas é altamente relacionado a um índice de felicidade mais alto”, ressalta.
Políticas públicas que funcionam também ajudam na percepção de segurança física e econômica com sensação de bem estar social. O cientista político norte-americano Ronald Inglehart, apontou que quanto mais igualdade e menor preocupação com os fatores de segurança física e alimentar, mais feliz a sociedade. Entre as ações de políticas públicas que fazem a diferença estão saúde eficiente, educação de qualidade, segurança e uma cultura equilibrada entre trabalho e vida pessoal, por exemplo.
O Brasil aparece em 44 lugar, mas já esteve pior. O brasileiro, no entanto, é considerado um povo “alegre” por natureza. Então por que essa colocação? “O Brasil é um país jovem e, portanto, ainda com vários e sérios desafios para se tornar uma sociedade igualitária. Melhorar esses índices no país ainda é um grande desafio. O economista alerta que “estamos no centro dos valores tradicionais e seculares e dos valores de sobrevivência e autoexpressão, se atina como um país de desigualdade social, a qual que se agravou recentemente, não apenas evidenciado no contexto da crise sanitária em 2020/2021, mas nos anos anteriores a desigualdade já estava latente”. Para ele, os brasileiros estão cada vez menos felizes com as instituições, porque questionam se elas podem atender suas necessidades e proporcionar melhor bem-estar nas suas vidas.
A pergunta que não quer calar é, afinal, dinheiro traz felicidade? Para um conceito-chave da economia da felicidade, o paradoxo de Easterlin, rendimento elevados trazem sim felicidade, mas, à medida que todas as necessidades ligadas a renda são satisfeitas, ainda há motivos para não se sentir totalmente satisfeito.
Um estudo realizado ao longo de anos pela Universidade de Harvard (Estudo sobre o Desenvolvimento Adulto), aponta que relacionamentos são a base para que as pessoas se sintam felizes ao longo dos anos. O professor de psiquiatria na Universidade Robert Waldinger, é coautor do livro The good life (“A boa vida”, em tradução livre) onde apresenta algumas lições do estudo. Veja algumas das dicas para ser feliz:
1) Mantenha relacionamentos mais calorosos deixam as pessoas mais felizes e saudáveis. Isolamento social e a solidão podem afetar as artérias coronárias e as articulações.
2) Sensação de pertencimento faz com que as pessoas sintam maior bem estar. Converse com outras pessoas que têm problema semelhantes isso vai fazer diferença para que não se sinta sozinho.
3) Não alimente arrependimentos.
4) Passe bastante tempo com pessoas queridas e não gaste tanto tempo se preocupando com o que as outras pessoas pensam.
5) Nunca é tarde demais, principalmente para conexões amorosas ou amizades.
6) Envolva-se em projetos e atividades que tenham importância para sua vida.
7) E finalmente, pense em alguém de quem você sente falta, alguém com quem você não se sente tão conectado quanto gostaria ou alguém que você quer ter certeza de que sabe que você está pensando nele ou nela. E envie uma mensagem de texto, ou um e-mail, ou ligue para eles e apenas diga: oi, eu estava pensando em você e queria conversar. O resultado pode ser surpreendente com tantas pessoas felizes com esse contato.