A Polícia Civil e o Ministério Público deflagram uma operação referente a crimes licitatórios, contra a administração pública, a ordem econômica, a ordem tributária, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Mais de 500 agentes cumpriram 230 ordens judicias na manhã desta terça-feira (04) em dez cidades gaúchas, duas delas no Litoral Norte.
De acordo com o delegado Marcus Viafore, da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro do Deic, mandados judiciais foram cumpridos em Capão da Canoa e Xangri-Lá. As buscas foram realizadas em residências e na filial de uma das empresas investigadas em Capão da Canoa.
Também houve ações em Porto Alegre, Eldorado do Sul, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada, Sapucaia do Sul, Canoas, Viamão. Até às 11h, cinco pessoas tinham sido presas.
A Operação Union tem como alvo um grupo econômico criminoso atuante no Rio Grande do Sul na exploração do mercado de prestação de serviços de vigilância patrimonial privada, limpeza, portaria e similares.
A investigação foi realizada pela 2ª Delegacia de Polícia de Combate à Corrupção/Deic e pela Delegacia de Polícia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro/Deic.
O cumprimento das ordens judiciais contou com apoio da Polícia Federal e da Controladoria e Auditoria Geral do Estado (CAGE). Entre as medidas estão prisões preventivas, buscas e apreensões, afastamentos de sigilos bancário, fiscal e econômico, medidas cautelares de congelamento patrimonial consistentes em bloqueio de contas bancárias, indisponibilidades de veículos (avaliados em R$ 2 milhões) e de imóveis (R$ 9 milhões de reais).
A investigação
A Polícia identificou uma organização criminosa disfarçada de grupo econômico que celebrou contratos com o governo do Estado, prefeituras e órgãos federais. A investigação apurou que 70 pessoas e 50 empresas estão envolvidas no esquema.
“As empresas concorriam nas disputas de licitações no Estado do Rio Grande do Sul e outros entes federativos, trazendo ares de legalidade e respeito ao caráter competitivo dos certames, porém, na prática, faziam ajustes prévios de preços, formatavam atuação nos certames eleitos e desenvolviam execução dos objetos dos contratos de forma fraudulenta, além de abusar do poder econômico, tentando eliminar a concorrência no respectivo mercado de prestadores de serviços, com isso obtendo vantagens decorrentes das adjudicações dos objetos contratados”, informou a Polícia Civil
Conforme o Deic, a estimava é que a organização criminosa tenha obtido dos cofres públicos aproximadamente R$ 1 bilhão e que figure, como ré, em aproximadamente 11 mil ações judiciais, principalmente na área trabalhista. Também é estimado prejuízo de R$ 150 milhões aos cofres públicos em relação a tributos.