Confirmando o que já vinha sendo especulado nos últimos dias, Eduardo Leite anunciou na tarde desta segunda-feira (28) sua renúncia ao cargo de governador do Rio Grande do Sul. A decisão foi comunicada por ele mesmo durante uma entrevista coletiva no Palácio Piratini, em Porto Alegre. Em seu lugar assume o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), que também responde pela pasta da Segurança Pública desde o início da gestão, e que deve ser confirmado como candidato tucano à sucessão do governo, concorrendo, assim, à reeleição, uma vez que passará a ser governador titular, sem que para isso tenha necessidade de afastar-se do cargo.
A renúncia, embora já anunciada, será formalizada até o próximo dia 2 de abril, prazo-limite imposto pela legislação eleitoral para que magistrados, secretários estaduais, ministros e demais donos de mandato eletivo renunciem para concorrer a um cargo diferente daquele que ocupam atualmente. “Vou renunciar a um poder para não renunciar à política”, disse Leite em um vídeo gravado e exibido antes da coletiva, que contou com a presença de secretários de governo, apoiadores políticos e veículos de imprensa. Ele também fez um agradecimento público a Gilberto Kassab, presidente do PSD, partido com quem Leite “namorou” até dias atrás, quando decidiu pela permanência no ninho tucano.
Durante as respostas concedidas à imprensa, Leite fez uma análise sobre o momento vivido pelo país. “A solução para o nosso país, que passou por uma época difícil, com inflação, desemprego, crescimento tímido, não está em procurar culpados internamente, mas buscar em nosso potencial o que pode ser feito para superar esses desafios. Estou dando minha contribuição para que se consiga viabilizar um entendimento e apresentar uma alternativa aos brasileiros para que se possa, a partir de 2023, implementar as reformas que são necessárias”, disse. A ideia, segundo ele, é trabalhar pela união do centro democrático. “Não contem comigo para dispersar candidaturas. Não é sobre um projeto pessoal, é sobre o Brasil”, reafirmou.
A intenção de Leite, já tratada por ele de maneira pública, é de concorrer à presidência da República. Para isso, a tendência é de que trave uma nova disputa interna no PSDB, partido em que está filiado – e no qual confirmou permanência durante a coletiva –, no sentido de demover o governador paulista João Doria da disputa pela presidência do país. Doria, vale lembrar, venceu Leite nas prévias tucanas, em novembro do ano passado. Ele confirmou que ligou para Doria antes de seu pronunciamento. “Tivemos uma conversa amistosa, no tom cordial que sempre nos tratamos, e reafirmamos que estamos com o mesmo sentimento, de viabilizar uma alternativa para o Brasil”, disse. Caso não obtenha êxito, uma candidatura ao Senado passaria a ser alternativa, segundo conversas de bastidores.
Entre outras afirmações durante a coletiva, Leite reforçou a confiança em Ranolfo, que assumirá o comando do Estado até 31 de dezembro. “Tenho absoluta confiança na condução do Ranolfo. Sempre esteve ao nosso lado para acompanhar cada uma das políticas públicas. O histórico dele, o currículo dele e a trajetória dele atestam isso e me dão total certeza e convicção de que Ranolfo está por dentro de cada um dos assuntos”, declarou.
Com a decisão, Leite tornou-se o primeiro governador desde Pedro Simon (MDB), em 1990, a renunciar ao cargo faltando meses para o encerramento do mandato. Na ocasião, Simon afastou-se para concorrer ao Senado, cargo para o qual viria a ser eleito no pleito daquele ano.