Centro Obstétrico do Hospital Tramandaí será fechado por tempo indeterminado a partir desta segunda

Comunicado foi feito pelo diretor técnico da instituição; reunião tentará reverter a situação

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Foto: Rogério Carbonera / FHGV

O Centro Obstétrico e o Serviço de Obstetrícia do Hospital Tramandaí suspenderão suas atividades a partir desta segunda-feira (1°), sem data para retomada dos atendimentos. O comunicado foi feito nesse sábado (30) pelo diretor técnico da instituição, o médico Diego Morales.

O documento foi enviado ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), à Central de Regulação, à 18ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) e aos prontos atendimentos e demais hospitais do Litoral Norte.

“Peço que desde já não sejam mais encaminhadas pacientes gestantes ao hospital até que sejam tratadas e resolvidas estas questões e solicitamos auxílio dos gestores estaduais para a pronta transferência das gestantes que ainda encontram-se internadas neste nosocômio”, diz o diretor no comunicado.

A suspensão do serviço impedirá novos nascimentos de bebês na cidade de Tramandaí, até que a situação seja solucionada. No documento, Morales aponta dificuldades financeiras do hospital. Segundo ele, o contrato da terceirizada que contrata os médicos que prestam este atendimento termina neste fim de semana e não há nenhuma empresa interessada em substituir.

“Temos encerramento de contrato com empresas médicas terceirizadas que não desejam renovação contratual, bem como a intervenção de outros atores a complicar ainda mais esta relação. Assim, pontualmente para o contrato da obstetrícia, não há no momento opção para substituição da empresa que encerra seus serviços neste final de semana”, diz o comunicado.

O coordenador da 18ª CRS, Robson Bobsin Brehm, disse ao Litoral na Rede, na noite desse domingo (31), que as gestantes que precisarem de atendimento em Tramandaí serão encaminhadas, temporariamente, para o Hospital São Vicente de Paulo, em Osório. Segundo ele, há um plano de contingência, que inclui a possibilidade de transferência de gestantes de risco para hospitais da Região Metropolitana de Porto Alegre.

Robson salientou que, na manhã desta segunda-feira, haverá uma nova reunião com direção da Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV) e o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), em uma tentativa para reverter a suspensão dos serviços.

Na noite de sexta-feira (29), a Justiça determinou que o Estado do Rio Grande do Sul e o município de Tramandaí têm 24 horas para assegurar a transferência de recursos financeiros suficientes para garantir o funcionamento do atendimento de emergência e da maternidade da instituição de saúde.

A decisão atendeu um pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) em ação civil pública. A partir da transferência dos valores, a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas, responsável pelo Hospital Tramandaí, tem prazo de 24 horas para fazer funcionar, com regularidade, o atendimento na maternidade, sob pena de multa diária no valor de R$ 10 mil em caso de descumprimento.

Na última segunda-feira (25), o Simers havia informado que os médicos que atuam no plantão obstétrico do Hospital Tramandaí (HT) iriam suspender as atividades a partir do dia 1° de abril. A paralisação dos profissionais, segundo o sindicato, foi motivada pelas péssimas condições de trabalho e atrasos nas remunerações.

Veja a íntegra do comunicado assinado pelo diretor técnico do Hospital Tramandaí, Diego Morales

“O Centro Obstétrico e o Serviço de Obstetrícia do Hospital Tramandaí suspenderá suas atividades a partir de 1° de abril de 2024 sem data para retomada dos serviços. Com isso, informo a suspensão e peço compreensão do delicado momento pelo qual este nosocômio está passando. Como é de notório saber e amplamente divulgado, inclusive pela imprensa, o hospital de Tramandaí e a saúde pública como um todo vem enfrentando dificuldades constantes, devido ao escasseamento de recursos públicos, somado ao alto custo operacional das casas de saúde e aumento exponencial de insumos e material médico, que culminam na necessidade de reavaliação dos serviços. Neste contexto, temos encerramento de contrato com empresas médicas terceirizadas que não desejam renovação contratual, bem como a intervenção de outros atores a complicar ainda mais esta relação. Assim, pontualmente para o contrato da obstetrícia, não há no momento opção para substituição da empresa que encerra seus serviços neste fnal de semana. No uso de minhas atribuições determino a suspensão do serviço de obstetrícia do Hospital Tramandaí a partir do dia 1°r de abril de 2024 às 8:00. Situação que será amplamente divulgada através da imprensa à população. Peço que desde já não sejam mais encaminhadas pacientes gestantes ao hospital até que sejam tratadas e resolvidas estas questões e solicitamos auxílio dos gestores estaduais para a pronta transferência das gestantes que ainda encontram-se internadas neste nosocômio. Qualquer mudança neste cenário entraremos em contato imediatamente. Certo de sua compreensão.”

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