A toninha é o golfinho mais ameaçado do litoral brasileiro. Na tarde desta segunda-feira (04) um exemplar da espécie encalhou morto na beira da praia de Capão da Canoa, próximo à guarita 79, no limite com Xangri-Lá. Na boca do mamífero, havia pedaços de redes de pesca enrolados.
Os guarda-vidas que atuam no trecho fotografaram o animal e avisaram a equipe do Centro de Estudos Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Os pesquisadores fizeram a primeira análise e recolheram a toninha que passará por observação mais detalhada.
O biólogo Maurício Tavares, que há mais de duas décadas estuda as toninhas, informou ao Litoral na Rede que o exemplar morto é uma fêmea. “Dá pra ver que ela tem marcas bem evidentes na ponta do rostro (região da boca) de captura acidental em rede de pesca. É uma fêmea adulta, bem provável que ela tenha dado à luz nessa temporada reprodutiva, que começou nessa primavera passada”, explicou.
A toninha é uma espécie de pequeno cetáceo. O pesquisador salienta que é o golfinho mais ameaçado de extinção do Oceano Atlântico Sul Ocidental. “Ela é endêmica desta região, só existe no Brasil, no Uruguai e a na Argentina, em águas normalmente costeiras, até 30 metros de profundidade. (A toninha) se alimenta de pequenos peixes que vivem no fundo da coluna d´água e, por isso, ela acaba interagindo com essas redes que ficam no fundo, que são redes de emalhe, colocadas pra pegar espécies de peixes e acabam capturando acidentalmente as toninhas”, explicou Maurício.
O biólogo do Ceclimar destaca ainda que as capturas acidentais da espécie são muito comuns e que a costa do Rio Grande do Sul é uma das áreas que têm os maiores índices de captura. “É um mamífero que respira por pulmões, então precisa subir à superfície para respirar, pegar o oxigênio. Por isso, quando ela fica presa nas redes de pesca, acaba entrando em colapso e não conseguindo subir para respirar e morre”, finalizou o pesquisador.