
Funcionários do Hospital São Vicente de Paulo, de Osório, realizaram, na manhã desta sexta-feira (26), uma manifestação contra a suspensão de serviços da instituição e o risco de demissão de trabalhadores. O grupo, com mais de 150 pessoas, se concentrou junto ao pórtico de acesso do hospital.
Os manifestantes carregavam faixas e cartazes com pedidos de ajuda para a instituição. “S.O.S São Vicente”, “Saúde é um direito fundamental de todos”, “Saúde não se compra” e “O hospital é privado, mas atende 60% SUS” eram algumas das frases escritas. Eles também alertaram para o risco de aproximadamente 60 demissões nos próximos dias.
No protesto, os trabalhadores lembraram ainda que, além de Osório, o hospital é referência para outros seis municípios do Litoral Norte: Santo Antônio da Patrulha, Caraá, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Mostardas e Tavares. Em um dos cartazes, um questionamento referente ao possível fechamento do centro obstétrico: “Gestante em trabalho de parto irá para onde?”.








Depois do ato no hospital, o grupo saiu em caminhada pelo Centro da cidade, em direção à Prefeitura de Osório. Na sequência, foram recebidos na Câmara de Vereadores pelo presidente do legislativo, vereador Charlon Müller.
A crise
A direção da instituição vem cobrando publicamente, nas últimas semanas, apoio dos municípios que são atendidos pelo hospital. Segundo a direção, o custo mensal regular é de R$ 3 milhões. A receita regular gira em torno de R$ 1,7 milhão, sendo R$ 1,3 milhão por meio do contrato com o Sistema Único de Saúde (SUS) e outros R$ 400 mil de convênios e atendimentos particulares. O déficit mensal, portanto, bate em R$ 1,3 milhão.
Em nota divulgada no último fim de semana, o diretor-presidente do São Vicente, Marco Pereira, o serviço de plantão em ortopedia e traumatologia da emergência não financiado pelo SUS deixará de funcionar a partir do dia 1° de setembro. “Os pacientes que necessitarem de atendimento de urgência serão redirecionados ao Hospital de Tramandaí, como antes”, diz o texto.
Suspensão de serviços pelo SUS e demissões.
A situação fez com que a instituição iniciasse estudos, os quais estão em fase de conclusão, para a tomada de decisão no sentido de diminuição dos custos. Entre as medidas a serem adotadas está a diminuição da capacidade de atendimento pelo SUS, o que acarretará o fechamento de serviços, diminuição do consumo de materiais, medicamentos e alimentação. A dispensa de funcionários — atualmente o hospital conta com 362 funcionários na ativa — e de profissionais médicos também está programada.
O contrato com o SUS, no entanto, proíbe a imediata paralisação dos serviços. De acordo com o hospital, uma cláusula contratual que determina a cientificação dos poderes públicos, com prazo de 60 dias de antecedência, será respeitada.
O que diz a Prefeitura de Osório
Em nota publicada no fim da semana passada, a administração de Osório esclareceu que tem, atualmente, um contrato mensal para o serviço de urgência e emergência na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de R$ 500 mil.
O governo municipal diz ainda que, no ano passado, no momento mais difícil da pandemia, auxiliou o hospital com o repasse de cerca de R$ 900 mil. “A administração municipal também frisa que a instituição é uma entidade privada e filantrópica que recebe repasses dos governos federal e estadual”, acrescenta.
Ainda de acordo com o texto, o prefeito Roger Caputi se coloca à disposição para buscar uma alternativa viável e definitiva para que o Hospital São Vicente de Paulo saia desta situação. “Inclusive, nos últimos meses, participou de uma série de reuniões junto à Secretaria Estadual da Saúde e a Amlinorte para discutir soluções e alternativas”, conclui a nota da prefeitura, mencionando a Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte).