Filhotes de coruja nascem em ninho protegido nas dunas de Capão da Canoa

“Uma felicidade pessoal e uma conquista dentro da luta ambiental de Capão da Canoa”, disse o morador que cercou o local e acompanhava a mamãe coruja desde 2020

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Cerca protege a área onde vive uma coruja-buraqueira nas dunas. Foto: Fernando Maresia –@maresiiaphotos

Desde novembro de 2020, uma cerca protege a área onde vive uma coruja-buraqueira nas dunas, próximo à imagem de Iemanjá, em Capão da Canoa. Em janeiro, a ave, que ganhou até nome e é chamada de Bu, teve os primeiros filhotes. As quatro corujinhas já saíram do ninho e viraram atração no local.

A iniciativa de proteger o ninho da coruja foi do estudante de medicina veterinária e fundador do Qual é a Boa Capão, Tiago Dominguez. Ele, que se descreve com um morador do município que ama e protege a natureza, comemorou o nascimento dos filhotes. “Uma felicidade pessoal grande pela proximidade que eu já tinha com ela e uma conquista dentro da luta ambiental de Capão da Canoa”, disse ao Litoral na Rede.

Tiago contou que com frequência vai até o local onde montou a proteção do animal e fica admirando. Segundo ele, a atitude tem apoio da maioria das pessoas, mas quando cercou a área nas dunas, em novembro de 2020, e reforçou o cercamento, em 2021, chegou a receber algumas críticas pontuais.

Cerca protege a área onde vive uma coruja-buraqueira nas dunas. Foto: Fernando Maresia –@maresiiaphotos

“Ela (a coruja) se sentia confortável e a gente deixou a cerca. Meses atrás, colocamos uma cerca mais forte por causa da ação do tempo e da maresia”, relatou o estudante. Ele conta com apoio de empresários locais.

Os filhotes foram vistos pela primeira vez há aproximadamente duas semanas. Nesta terça-feira (1º) o biólogo e pesquisador do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar / UFRGS), Maurício Tavares, esteve no local. Ele disse ao Litoral na Rede que há possibilidade de o número de filhotes ser maior, já que eles podem levar até 45 dias para saírem do ninho, feito na areia.

Coruja-buraqueira

A coruja-buraqueira é uma espécie que ocorre em todas as américas, desde o Canadá até a América do Sul. É a coruja mais abundante, mais comum no Brasil e no Rio Grande do Sul. É um bicho muito acostumado ao ambiente urbano”, disse o biólogo Maurício Tavares.

Segundo o pesquisador da UFRGS, essa ave se reproduz todos os anos. “Ela coloca de seis a 11 ovos, dura cerca de 28 a 30 dias a incubação dos ovos e depois vai demorar até um mês e meio até os filhotes saírem do ninho”, explicou.

A coruja-buraqueira se alimenta de uma variedade grande de presas, entre elas insetos. “Ela se aproveita de pontos luminosos, porque ela se alimenta bastante de insetos, então ela se aproveita nas cidades dos pontos de luz”, detalhou Maurício.

O pesquisador salientou ainda que essa espécie de coruja não está ameaçada de extinção e que proteger seu ambiente garante a preservação de outros animais. “Tu vai estar preservando também outras espécies que ocorrem nesse ambiente de duna e campo arenoso. Por exemplo, o tuco-tuco-das-dunas (que é um roedor), a lagartixa das dunas, e várias outras espécies que se reproduzem nessas regiões de campo arenoso, como o piru-piru e o Pernilongo, que são aves costeiras”, finalizou.

Cerca protege a área onde vive uma coruja-buraqueira nas dunas. Foto: Fernando Maresia –@maresiiaphotos

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