
O sobrevoo de monitoramento das baleias-francas no litoral sul do Brasil resultou na identificação de 60 pares dos mamíferos marinhos, compostos por mãe e filhote, totalizando 120 baleias. Pesquisadores do projeto ProFRANCA, patrocinado pela Petrobras, sobrevoaram a costa, de Florianópolis, em Santa Catarina, a Cidreira, no Rio Grande do Sul.
Setembro é o mês da Baleia-Franca, auge do período reprodutivo da espécie, quando um maior número de indivíduos é registrado no litoral sul do Brasil.
“Tínhamos a expectativa de um grande número de avistagens, já que este ano esperávamos o retorno de baleias que estiverem aqui em 2018, quando tivemos um recorde histórico de baleias-franca em nosso litoral. As baleias-franca se reproduzem em média a cada 3 anos, mas este intervalo pode aumentar após períodos em que há pouca disponibilidade de alimento, então esperávamos pelo menos um número maior que em 2020, quando 43 baleias-franca foram avistadas, e estamos muito felizes com o resultado final, quase o três vezes este número do ano passado, e este e um excelente resultado”, disse Karina Groch, diretora de pesquisa do ProFRANCA/ Instituto Australis.
Das 120 baleias avistadas no último sábado (04), dez delas estavam próximo à costa do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. A maior concentração estava na região da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, em Santa Catarina, principal área de concentração reprodutiva da espécie, onde 53 pares de mãe e filhote foram avistados.
Na área da APA, as maiores agregações estavam nas enseadas da Guarda-do-Embaú (Palhoça) e Gamboa (Garopaba), totalizando 18 pares de mãe e filhote, seguido de Ibiraquera e Ribanceira com 11 pares, e Itapirubá Norte com 10 pares (Imbituba). Em Laguna, foram avistados 3 pares de mãe e filhote. No litoral sul de Santa Catarina foram avistados mais 2 pares de mãe e filhote.
Identificação das baleias










A análise das fotografias ainda não foi realizada, e o número de baleias poderá ser atualizado, porém algumas baleias conhecidas já foram reconhecidas, ainda durante o sobrevoo, como o caso da baleia JDot, que foi avistada no balneário de Arroio do Silva (SC). JDot foi catalogada pela primeira vez na Península Valdés, Argentina, pelo Instituto de Conservação de Baleias (ICB), e no Brasil vem sendo registrada desde 1988.
Quando avistada no sábado, estava com o 7º filhote registrado no Brasil. O registro de JDot mostra por quanto tempo uma baleia franca pode ter filhotes, já que ela pode ter cerca de 60 anos, considerando a data da primeira avistagem e a idade da primeira reprodução em baleias-franca.
Em 2020 pesquisadores do ProFRANCA/Instituto Australis e do Instituto de Conservação de Baleias, Ocean Alliance, apresentaram à Comissão Internacional das Baleias o resultado de uma nova comparação dos catálogos de baleias francas identificadas na Península Valdés e no sul do Brasil.
Os resultados foram surpreendentes: eles encontraram 124 correspondências de indivíduos registrados nos dois locais. Os resultados desta comparação de catálogos mostraram que muitas baleias usam as duas áreas de criação reprodutivas em anos diferentes, destacando a importância de coordenar estratégias internacionais para proteger baleias em todo o seu habitat.
Uma nova comparação será realizada com as novas baleias catalogadas pelo ProFRANCA está dando continuidade ao Programa de Monitoramento Aéreo no pico da temporada reprodutiva da espécie.
As baleias-francas
A baleia-franca é uma espécie ainda ameaçada de extinção no Brasil, e conta com uma população estimada em cerca de 550 indivíduos e uma taxa de crescimento de 4,8% ao ano. Os números são baseados em 15 anos de dados dos sobrevoos de monitoramento da espécie. O monitoramento sistemático de longo prazo é fundamental para acompanhar a recuperação populacional da espécie no sul do Brasil.