Saiba o que prefeitos do Litoral pensam sobre a volta das aulas presenciais

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Foto: divulgação Prefeitura de Tramandaí / Arquivo

O possível retorno das aulas presenciais nas escolas públicas e privadas, conforme o cronograma que foi divulgado pelo governo do Estado, causou preocupação aos pais dos estudantes e aos prefeitos. Por enquanto, não há nada confirmado, pois o assunto ainda está sendo debatido entre o governo e entidades, como a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Ministério Público Estadual (MPE) e Tribunal de Contas do Estado (TCE).

A equipe do Litoral na Rede consultou os prefeitos dos municípios de Imbé, Tramandaí, Capão da Canoa, Osório, Balneário Pinhal, Mostardas e Santo Antônio da Patrulha para saber a opinião deles sobre a possibilidade do retorno as aulas presenciais e quais providências serão adotadas, caso ocorra a confirmação do governo de que os estudantes terão que voltar para a escola, em plena pandemia. Além disso, muitos pais e mães têm se manifestado e afirmam que mesmo que as atividades sejam retomadas, não pretendem levar os filhos para os colégios.

O presidente da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte) e prefeito de Imbé, Pierre Emerim, afirmou ser contra o retorno as aulas presenciais e informou que o assunto já foi deliberado pela entidade. “Sou contra, aliás, a Amlinorte de forma unanime é contra. Aceitaríamos voltar neste ano, após a existência de uma vacina”, afirmou.

Pierre informou ainda da possibilidade de retorno das aulas presencias acontecerem no final de fevereiro do próximo ano. “Se em 2021 houver segurança sanitária, ou seja, se a transmissibilidade for muito baixa”. O prefeito concorda com a manifestação dos pais que dizem que não levariam seus filhos na escola.

“É natural. Porque que você vai colocar em risco as crianças, os alunos, nesse exato momento? Vários estudos apontam que a carga viral em crianças é altíssima. É preferível, neste momento, se preocupar com assistência médica, economia e manutenção do emprego. Deixamos, em segundo plano, a questão da volta às aulas, que não é prioritária nesse momento”, finalizou o prefeito de Imbé.

No mesmo sentido, o prefeito de Tramandaí, Luiz Carlos Gauto, afirmou ser contrário ao retorno das aulas presenciais e que considera o ano perdido. “A situação a qual nos encontramos dificulta muito o retorno das aulas, em razão da pandemia, do avanço dos casos e do número de leitos hospitalares disponíveis aqui no Litoral Norte”, declarou.

Gauto informou que o município está preparado, caso haja condições de retornar as aulas presencias a partir de outubro. “Nossos servidores estão realizando cursos de qualificação para o enfrentamento da covid no ambiente escolar. Estamos adquirindo álcool gel, equipamentos para higienização, ou seja, nos preparando”, afirmou.

Amauri Magnus Germano, prefeito de Capão da Canoa, disse que se deve ter cautela e muita prudência sobre a possibilidade de retorno as aulas presenciais. “Neste momento, sou contra, pois não temos uma vacina comprovada e os protocolos editados pelo Governo do Estado permanecem na bandeira vermelha”, afirmou.

O prefeito salientou, no entanto, que estudará o protocolo mais adequado juntos aos comitês técnicos do município, do litoral e do estado, para evitar a propagação do vírus no ambiente escolar. Sobre a manifestação dos pais, Amauri, disse respeitar. “Eles estão cientes que ainda não temos uma vacina e os protocolos para conter a pandemia no ambiente escolar são mais complexos. Já vimos em outros países que a retomada não funcionou e, aqui, estando o Estado em alerta de bandeira vermelha, imagino que seja difícil também”, finalizou.

Em Balneário Pinhal, a prefeita do município, Marcia Tedesco, entende que não há como retornar as aulas presenciais neste momento, devido ao risco de contágio no ambiente escolar. “Estamos trabalhando na elaboração do Plano de Contingência para prevenção, monitoramento e controle, baseado na realidade de cada escola e de acordo com os protocolos estabelecidos pelos órgãos de Saúde, para um possível retorno das atividades presenciais”, declarou.

Sobre a manifestação dos pais dos alunos pelo não retorno dos filhos à escola, a prefeita disse que é pertinente. “A prioridade, neste momento, é a segurança dos alunos e o direito à vida. E salientamos que nossas escolas tem mantido o vínculo com os alunos através do envio das atividades pedagógicas não presenciais”, finalizou Marcia Tedesco.

O prefeito de Osório Eduardo Abrahão também é contra o retorno das aulas presenciais neste momento. “A situação ainda é delicada, os casos de contágio continuam e colocar os alunos nas salas de aula, ainda não é o momento ideal. Evitar a propagação da Covid-19 no ambiente escolar requer muito trabalho e não podemos correr o risco de expor os mesmos”, avaliou.

Moisés Pedone, prefeito de Mostardas, também se manifestou contrariamente à proposta de retorno às atividades presenciais. De acordo com ele, ainda há muitos casos ativos de pacientes infectados com o coronavírus. “Pelo menos até outubro não trabalhamos com essa possibilidade e não vamos retornar. Os pais que afirmam que não levariam seus filhos às escolas estão cobertos de razão”, afirmou.

O prefeito de Santo Antônio da Patrulha, Daiçon Maciel da Silva, disse que a questão do retorno as aulas é delicada, mas que respeitará a decisão do governador, desde que a pandemia esteja em declínio. Segundo ele, caso o retorno as aulas seja confirmado, haverá a higienização absoluta do ambiente escolar.

“Estamos adquirindo equipamentos, termômetros digitais, de proteção individual. A higienização será completa, antes, durante e depois da saída dos alunos. Todos os procedimentos epidemiológicos necessários em relação a essa questão serão cumpridos” prometeu o prefeito.

Daiçon Maciel explicou ainda que se preocupa com a vulnerabilidade de diversos alunos e com a manutenção dos empregos dos pais e por isso se diz favorável a retomada conforme orientação do governo do Estado. “Nós temos crianças vulneráveis que, de repente, tem muita dificuldade em casa, até às vezes no próprio alimento. O emprego, eu acho, que é importante na vida de uma pessoa para ter uma vida saudável e qualificada”, justificou.

O prefeito salientou que muitas pessoas perderam o emprego e querem retornar ao trabalho, mas tem dificuldades por terem que ficar com as crianças. “Muitos pessoas não tem dinheiro para deixar com alguém as crianças, então o pai ou a mãe, ou dois, devem retornar ao trabalho”, afirmou o prefeito de Santo Antônio da Patrulha.

A ideia do governo é que o retorno às aulas presenciais ocorrerá somente nas regiões que estiverem em bandeira amarela e laranja. Ainda não há nada confirmado, mas a sugestão inicial apresentada pelo Estado propõe o retorno gradual e escalonado das aulas a partir de 31 de agosto para as redes pública e privada, conforme o cronograma abaixo.

  • 31/8 – Ensino Infantil (público e privado)
  • 14/9 – Ensino Superior (público e privado)
  • 21/9 – Ensino Médio e Técnico (público e privado)
  • 28/9 – Ensino Fundamental – anos finais (público e privado)
  • 8/10 – Ensino Fundamental – anos iniciais (público e privado)

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