Uma perícia preliminar em um dos telefones celulares apreendidos pela Polícia Civil (PC) durante as investigações do caso do bolo envenenado em Torres trouxe uma informação crucial. A suspeita de ter cometido o crime utilizou o aparelho para pesquisar por arsênio, substância encontrada no doce e que causou a morte de três pessoas.
A informação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) pouco depois da entrevista coletiva realizada nesta manhã em Capão da Canoa. Segundo o TJ, um relatório preliminar dos dados que foram extraídos do telefone mostra que houve “busca na internet, inclusive no Google Shopping, elo termo arsênio e similares”.
O telefone utilizado para pesquisa era utilizado por Deise Moura dos Anjos, de 42 anos, presa temporariamente nesse domingo (05). Ela é a principal suspeita de ter colocado a substância na farinha de trigo que a sogra Zeli dos Anjos, de 61 anos, utilizou no preparo do bolo para a confraternização da família.
Deise foi conduzida até a Penitenciária Modulada Estadual de Osório (PMEO). Recai sob ela a suspeita de ter provocado um triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada.
No começo desta segunda-feira, a defesa de Deise afirmou que prestou atendimento em parlatório à cliente, mas ressaltou que não teve acesso integral à investigação em andamento.
Novidades
Em uma coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje, Polícia Civil e Instituto-Geral de Perícias (IGP) apresentaram os avanços na investigação do caso do bolo envenenado que resultou na morte de três pessoas em Torres, no Litoral Norte gaúcho. A reportagem do portal de notícias Litoral na Rede esteve no local e acompanhou a entrevista coletiva.
Entre as provas destacadas, estão análises realizadas pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) que encontraram a substância arsênio, um poderoso veneno, no alimento ingerido pela família.
“Encontramos níveis elevados de arsênio em todas as vítimas. Esses níveis indicam a causa da morte por envenenamento, isso é inquestionável. Da mesma forma, foram encontrados níveis elevadíssimos de arsênio no bolo, uma concentração tão elevada que é impossível considerar uma contaminação acidental”, disse Marguet Inês Hoffmann Mittmann, diretora-geral do IGP.
Outra novidade confirmada após a coletiva é que a Justiça autorizou a exumação do corpo do marido de Zeli, morto em setembro. O óbito, ocorrido em setembro e inicialmente tratado como decorrente de uma intoxicação alimentar, também pode ter sido provocado pela ingestão do veneno.
Envenenados
As vítimas fatais foram Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, ambas irmãs de Zeli, além de Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47 anos, filha de Neuza.
As três manifestaram sintomas graves, como vômitos e diarreia intensa, poucas horas após ingerirem a sobremesa. Zeli dos Anjos, que também consumiu o bolo, segue internada na UTI em estado estável, segundo o último boletim médico divulgado pelo hospital.
Outro envolvido no caso é um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana. Ele precisou ser hospitalizado, mas recebeu alta no fim desta semana e está em casa.