Lagoa do Peixe desaparece com estiagem e milhares de animais morrem

Colônia de Pescadores estima prejuízo de pelo menos R$ 5 milhões

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Milhares de peixe morreram com a seca na Lagoa do Peixe. Foto: Fabiano José de Souza / ICMBio

O cenário é desolador: milhares de peixes mortos onde antes havia água. Com a falta de chuva, a Lagoa do Peixe, no Litoral do Rio Grande do Sul, desapareceu, as redes de pesca ficaram expostas, cravadas na areia, e os pescadores não conseguem trabalhar.

O chefe do Parque Nacional da Lagoa do Peixe, biólogo Fabiano José de Souza, disse ao Litoral na Rede que situação semelhante a esta não era vista desde 2004.  “Três dois oito setores da lagoa secaram: o Lagarmarzinho, o Costa e o Paiva, e essas são as principais áreas de pesca”, relatou o gestor.

Fabiano explicou que, além da falta de chuva desde o ano passado, os ventos contribuíram para o esvaziamento da lagoa, principalmente na parte norte. “Além da seca, o vento nordeste e leste empurrou a água para ponta sul e para o mar. A barra estava aberta, mas não deu vento sul, que faria a água do mar entrar”, lamentou.

A unidade de conservação ambiental está sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A lagoa tem aproximadamente 35 quilômetros de extensão por um quilômetro de largura entre os municípios de Tavares e Mostardas.

Pouco mais de 200 pescadores das duas cidades estão licenciados para trabalhar na área, mas não conseguem porque os peixes e camarões estão morrendo. O gestor do Parque Nacional estima que pelo menos 1.500 quilos de peixes já tenham sidos perdidos. Ele também projeta uma quebra de pelo menos 80% na safra do camarão rosa, iniciada em 27 de dezembro.

Colônia de Pescadores estima prejuízo milionário. Foto: Foto: Fabiano José de Souza / ICMBio

O presidente da Colônia de Pescadores Z11, de Tavares e Mostardas, Jair Joaquim Lucrécio, estima um prejuízo de pelo menos R$ 5 milhões para a pesca artesanal. “Secou a lagoa, tudo que é tipo de peixe, linguado, tainha, camarão, morreu tudo. Para o pescador isso vai ser um desastre, isso vai ser uma tristeza”, lamentou.

Lucrécio informou que a Colônia Z11 busca uma alternativa para garantir a renda dos pescadores. Segundo ele, a entidade encaminhou um ofício para a Secretaria da Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura solicitando que esses profissionais sejam autorizados a trabalhar na Lagoa dos Patos.

Prejuízos ambientais e busca de soluções

Além da mortandade de peixes e camarões, o esvaziamento da Lagoa do Peixe, causada pela estiagem, também impacta as aves migratórias que utilizam o local para descanso e alimentação. “A gente percebe que as aves se aglomeram nos pontos que têm água”, relatou o biólogo do ICMBio, Fabiano José de Souza.

O gestor do Parque Nacional informou que medidas para amenizar o problema em estiagens futuras já estão sendo analisadas. Ele salientou, no entanto, que são necessários estudos prévios já que se trata de uma área de preservação ambiental.

Fabiano disse que, juntamente com um conjunto de entidades, está sendo realizado um estudo de viabilidade técnica para ações que possam amenizar a seca na lagoa. Além disso, também estão sendo analisadas medidas para identificar as causas e encontrar soluções para o assoreamento e redução da profundidade ao longo dos últimos anos.

Situação de emergência

De acordo a Defesa Civil do Rio Grande do Sul, 384 dos 497 municípios do Estado decretaram situação de emergência devido à estiagem. Três deles ficam no Litoral Norte. Além de Tavares, onde está a Lagoa do Peixe, as prefeituras de Caraá e Maquiné também apresentaram decretos.

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