Pouco mais de um ano após o crime, o homem acusado de matar Marine Pacheco de Matos, à época com 18 anos, foi condenado por feminicídio a 23 anos de prisão pelo Tribunal do Júri de Torres. O julgamento, iniciado na quinta (11), foi concluído na madrugada desta sexta-feira (12).
O Conselho de Sentença atendeu a todos os quesitos da acusação. O promotor Eugênio Paes Amorim, que foi designado para o caso pelo Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ) do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), diz que o crime, ocorrido no dia 30 de janeiro de 2022, teve três qualificadoras. Uma delas foi motivo fútil em razão do condenado manter envolvimento com a ex-companheira, sendo que já estava namorando e até morando junto com outra pessoa.
De acordo com o MPRS, as outras duas qualificadoras foram o recurso que dificultou a defesa da vítima, já que Marine foi atraída pelo réu a um local ermo e surpreendida ao ser morta por estrangulamento, e o fato de a vítima ter sido morta em razão da condição de gênero dentro de um contexto de violência doméstica e familiar.
Amorim ainda acrescentou que a namorada do réu, que chegou a ser presa durante a investigação, não foi incluída no processo originário sob alegação de que não havia indícios suficientes de sua participação no crime. A assistência de acusação recorreu e aguarda decisão.
Familiares da vítima acompanharam o júri e, logo após a sentença que condenou o réu ter sido divulgada, agradeceram ao promotor pelo trabalho de acusação realizado em plenário.
“Em um júri com muita tensão emocional pela gravidade do fato e das suas consequências, com o plenário lotado de familiares, a comunidade de Torres fez prevalecer a justiça, dando devido valor à vida da jovem Marine e condenando o acusado”, disse Amorim.
Relembre o caso
O corpo de Marine Pacheco de Matos foi encontrado na manhã do dia 31 de dezembro de 2022, na Rua Recreio, na localidade Praia Gaúcha, balneário da região sul do município de Torres. A Brigada Militar (BM) foi acionada por volta das 7h por uma mulher que passava caminhando pelo local e se deparou com o cadáver.
Os policiais militares isolaram a área e comunicaram a Polícia Civil (PC). Uma equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP) também foi acionada. Na análise prévia, segundo a PC, o cadáver não tinha sinais aparentes de violência, sendo encaminhado para realização de necropsia, que identificou os sinais de estrangulamento.
Com o curso das investigações e as oitivas realizadas pela polícia, chegou-se até o acusado, que se tornou o principal suspeito de ter cometido o crime contra a ex-namorada, que residia na Vila São João.
