Guarda-vidas registram mais de 3 mil lesões por águas-vivas em apenas um dia no Litoral Norte

Desde o início da Operação Verão, são mais de 57 mil banhistas com queimaduras causadas pelo contato com os animais marinhos; veja as recomendações do Corpo de Bombeiros e da Sociedade de Dermatologia

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Em caso de contatos com as águas-vivas, os banhistas podem recorrer aos guarda-vidas. Foto: Talis Ramon / Litoral na Rede

Em 47 dias da Operação Verão 2022/2023, o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) contabilizou 57.202 lesões causadas por águas-vivas nas praias do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. O número é quase oito vezes maior do que o registrado no mesmo período da temporada passada, quando houve 7.268 casos.

Considerando os dados desde a segunda quinzena de dezembro são, em média, mais de 1,2 mil lesões diárias. Nos últimos dias, a presença desses animais marinhos nas praias da região tem causado ainda mais transtornos aos banhistas.

Apenas nesta semana, entre a segunda (30) e a quarta-feira (1º), os guarda-vidas notificaram 7.016 lesões em banhistas. Isso representa uma média superior a 2,3 mil por dia. Apenas na quarta-feira, houve 3.163 relatos aos profissionais de salvamento.

O comandante dos guarda-vidas nas praias de Capão da Canoa e Xangri-Lá, capitão Emerson Ribeiro, aponta que, além da maior presença das águas-vivas, as condições do tempo e do mar atraem muitos banhistas para a água, inclusive em dias de semana, aumentando a exposição.

“O principal fator é a exposição. Se olharmos os indicadores, a prevenção aumenta, as lesões por águas-vivas e os salvamentos aumentam.  As pessoas estão vindo para a praia e estão entrando mais no mar. A gente nota nas guaritas esse aumento constante de fluxo. Em Capão da Canoa, por exemplo, se o dia está bom a praia está cheia”, disse o capitão ao Litoral na Rede.

O CBMRS sinaliza os pontos com infestação da águas-vivas com uma bandeira roxa na beira do mar. Este alerta é realizado a partir dos relatos de queimaduras aos guarda-vidas. O oficial salienta que o aviso não significa que as pessoas não possam tomar banho no local, mas que devem ter prudência para evitar as lesões.

O CBMRS sinaliza os pontos com infestação da águas-vivas com uma bandeira roxa na beira do mar. Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede

Em caso de contatos com as águas-vivas, os banhistas podem recorrer aos guarda-vidas. Em todas as guaritas é disponibilizado um borrifador com vinagre, substância recomendada para aliviar a lesão, o que reforça a importância de entrar na água apenas nas áreas delimitadas.

“A grande maioria dos casos é uma ardência, coloca o vinagre e rapidamente resolve. Um que outro caso que exige mais atenção e se recomenda que a pessoa procure um serviço de saúde”, destacou o capitão Emerson Ribeiro.

Orientação médica

A dermatologista e diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção RS (SBD-RS), Cintia Cristina Pessin, explica que as compressas de vinagre ou água do mar gelada ajudam a inativar os nematocistos (pequenos tentáculos que contêm células urticantes) das águas vivas.

“Compressas ou packs de água do mar gelada ou vinagre têm efeito analgésico nesses casos e devem ser aplicadas na área lesada imediatamente, ainda na praia, como rotina de primeiros socorros”, explica.

A recomendação é usar a água do próprio mar sempre para aliviar a ardência e não a água doce eventualmente trazida de casa.

“A água doce ativa os nematocistos (mecanismos de defesa das águas vivas) em contato com a pele por osmose, piorando a dor e a queimadura, por isso nunca deve ser utilizada. Outras medidas como aplicação de álcool, urina ou refrigerante tipo cola nas áreas lesionadas também devem ser evitadas”, acrescenta.

A médica diz ainda que analgésicos podem ser utilizados para alívio da dor que ainda persiste após as medidas de tratamento locais. Dor intensa ou persistente é um sinal de alerta para buscar atendimento médico de urgência.

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