Familiares de pacientes internados em hospitais do Litoral Norte sofrem tentativa de golpe

Saiba como agem criminosos que aplicam golpes usando dados de pacientes.

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Hospital Tramandaí, administrado pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas. Foto: Talis Ramon

Não bastasse a angústia causada pela expectativa de evolução do estado de saúde de um parente, familiares de pessoas internadas em instituições hospitalares também estão precisando conviver com tentativas de golpes praticadas por criminosos. Nos últimos dias, responsáveis por pacientes de pelo menos dois hospitais do Litoral Norte foram contatados e, por muito pouco, não repassaram quantias em dinheiro para golpistas que se faziam passar por médicos.

Um dos casos que o Litoral na Rede teve acesso envolve um ataque hacker ao banco de dados que reúne informações pessoais dos pacientes internados no Hospital Beneficente São Vicente de Paulo (HSVP), de Osório. Após ver o pai, um idoso de 69 anos, ser submetido a uma cirurgia de hérnia, precedida da descoberta de um tumor, uma moradora do distrito osoriense de Atlântida Sul recebeu mensagens e ligações através do WhatsApp com pedidos de dinheiro para custear supostos gastos urgentes.

Do outro lado do aparelho, um golpista identificava-se como “Dr. Gustavo”, fornecendo inclusive um número de registro no Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR). O registro informado, no entanto, pertence a uma médica, o que deixa ainda mais evidente a farsa.

“Ele se disse médico responsável pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital e informou que haviam feito uma bateria de exames no meu pai e que estavam preocupados, que precisariam entrar com uma medicação urgente”, conta a vítima. Por receio de sofrer alguma represália dos criminosos, especialmente ter as redes sociais atacadas, ela preferiu manter a identidade sob sigilo.

Usando termos comuns entre profissionais da medicina e um número com DDD 41, pertencente ao estado do Paraná, o golpista disse que o tal medicamento que o pai da vítima precisaria custava R$ 450, mas que ele havia conseguido com um representante de um laboratório farmacêutico por R$ 240.

Para aproveitar o desconto, no entanto, ela deveria realizar a transferência do valor através de um Pix, com garantia de que a entrega da medicação seria feita assim que o dinheiro caísse na conta do criminoso. “Eu desconfiei do DDD e porque ele dizia que tinha feito exames no meu pai mas ainda não poderia afirmar ao certo o que era”, lembra. “Como um médico não sabia o que ele tinha e já queria entrar com medicação?”, questionou-se a filha do idoso. Ao telefonar para a coordenação da UTI do hospital, ela recebeu a confirmação de que tratava-se de uma tentativa de golpe.

Foto: Reprodução WhatsApp / Divulgação

Outras tentativas de golpes ocorreram no Hospital Tramandaí (HT), administrado pela Fundação Hospitalar Getúlio Vargas (FHGV). Na semana passada, a instituição hospitalar alertou para prática semelhante a que ocorreu no hospital de Osório.

Segundo a direção executiva do HT, um médico falso identificado como “Dr. Roberto Gomes” estaria pedindo dinheiro para a realização de exames de pacientes internados na UTI. “O HT é um hospital público e 100% Sistema Único de Saúde (SUS), e toda a assistência é prestada gratuitamente. Qualquer atendimento prestado no hospital é totalmente gratuito”, afirmou, em nota, a instituição.

Procurada pelo Litoral na Rede, a Fundação Hospitalar Getúlio Vargas não atribuiu o fato a um ataque hacker, mas não explicou como os criminosos tiveram acesso a dados dos pacientes e seus acompanhantes. “Caso isso aconteça, as providências a serem tomadas serão: registrar boletim de ocorrência junto à Delegacia de Polícia Civil, informar pacientes e familiares e contatar a empresa responsável por suporte de sistemas para medidas cabíveis”, diz a nota enviada ao site.

Hospital de Osório confirmou ataque hacker

A origem de todo o transtorno, segundo o diretor-presidente do Hospital Beneficente São Vicente de Paulo, Marco Aurélio Pereira, foi um ataque hacker, no último dia 19 de maio, ao servidor onde estão os dados de todos os pacientes hospitalizados na instituição. Informações particulares dos internados e dos seus respectivos responsáveis foram copiadas do sistema interno e ficaram à disposição dos criminosos para o golpe. “O nosso Técnico de Informática atesta a invasão do sistema, que foi danificado. Estamos adotando procedimentos técnicos e apurando a extensão do ocorrido”, afirmou Pereira ao Litoral na Rede.

Ele ratificou que o HSVP não faz contatos telefônicos para solicitar dinheiro para realizar serviços de qualquer natureza e que estava contatando todos os familiares dos internados no hospital para alertar sobre o ocorrido e a possível prática de golpes em nome da instituição. “Dois familiares haviam recebido ligações, mas eles entraram em contato conosco e não chegaram a repassar nenhum dinheiro”, informou o diretor do HSVP.

A instituição disponibilizou o telefone (51) 3663-3377 para contato com o diretor executivo Marcel Betini sobre o tema.

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