por Talis Ramon
Quem nunca pensou em largar tudo e sair por aí conhecendo cidades, estados e até mesmo países diferentes? É o sonho de milhares de pessoas, certamente. Jogar-se nessa aventura já seria tarefa difícil tendo como base um motorhome — espécie de casa sobre rodas adaptada em ônibus, vans e trailer —, mas um casal de jovens de Torres resolveu deixar a missão ainda mais complicada: encarar milhares de quilômetros pelo Brasil a bordo de um Fiat Uno.
Foi do social media Erick Tramontes, de 21 anos, que nasceu a ideia. Admirador das histórias de pessoas que viajam o mundo dirigindo a própria casa, ele conta que ganhou estímulo de colocar a aventura em prática após ser dispensado do lugar onde trabalhava.
“Eu recém havia sido demitido da empresa em que trabalhava. Fiquei pensando no que fazer. Como já trabalhava com vídeos, pensei: ‘por que não fazer no meu próprio carro?’. Se não der certo a gente desmonta”, contou à reportagem do Litoral na Rede.
O Fiat Uno 2008 foi o primeiro carro da vida dele. Não bastasse isso, o automóvel também carregava um valor sentimental, pois pertencia a um amigo, falecido no final do ano passado, de quem Erick o comprou. O veículo passou a servir de transporte para saídas de rotina ao lado da vendedora Caroline Alves, de 19 anos, sua namorada.
“O motor estava condenado, muito ruim. Não conseguiria chegar em Santa Catarina. Estávamos loucos para achar uma empresa que quisesse entrar com a gente como patrocinadores. A gente só queria arrumar o carro, não sabíamos o alcance que teria o nosso projeto”, lembra.
Depois de rodar por algumas cidades em busca de parceiros que topassem embarcar na ideia, os jovens conseguiram garantir que o Uno vermelho – carinhosamente batizado de “moranguinho” — fosse finalmente deixado em condições de encarar os milhares de quilômetros que a aventura exigiria. Com apoio da Juvesa Veículos, a concessionária Fiat do Litoral, a dupla garantiu, sem gastar nenhum centavo, um motor zero quilômetro capaz de suportar todos os planos do casal.
“Foi um investimento de mais de R$ 10 mil para colocar um motor novo no carro. Ele vai poder rodar por tudo que é lugar e nos dando uma segurança muito maior do que a que teríamos se tivéssemos que mexer no motor original dele”, explica o social media.
A casa em quatro rodas foi adaptada. O espaço do porta-malas uniu-se ao dos bancos traseiros, que foram removidos, transformando boa parte do espaço interno em dormitório. Durante o dia, o local é desmontado e, com uma tábua e outros apetrechos, vira mesa, pia e, logicamente, porta-malas novamente, acomodando os mantimentos e outros itens que o casal utiliza na viagem.
“Sentei dentro do carro e comecei a olhar e medir. Usei muita madeira usada e ajuda de parceiros. Queria algo diferente, bonito, que remetesse a um motorhome e enchesse os olhos. As pessoas ficam surpresas ao ver que num Fiat Uno cabe tanta coisa”, revela Erick.
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Esta é a primeira aventura do casal, que garante nunca ter feito nada sequer parecido. Encarregada de cuidar da parte financeira do projeto e angariar novos apoiadores pelas cidades por onde passam, Caroline desfruta da viagem com uma expectativa grande.
“Estou muito ansiosa. Amo viajar e conhecer lugares diferentes. Só de pensar que vou conhecer muitos outros lugares que sempre sonhei conhecer, me dá mais ansiedade ainda”, diz a jovem, que é natural de Osório.
O casal chegou a visitar algumas cidades do Rio Grande do Sul no final do mês de agosto, mas precisou retornar a Torres por conta das fortes chuvas e também para realizar alguns ajustes necessários no carro. Com tudo resolvido, a missão foi retomada. Neste final de semana, eles visitaram a Serra Gaúcha, local escolhido por Erick para uma surpresa especial: Caroline, a então namorada, foi promovida a noiva após ser pedida em casamento pelo companheiro de aventura.
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Nos planos do casal, além das cidades gaúchas, está visitar municípios de todos os estados brasileiros. Depois, ambos planejam seguir para países vizinhos como Argentina, Bolívia e Chile.
“Lá [no Chile] é meio chato de entrar, tem muita neve. Depois, nossa meta é chegar aos Estados Unidos e, quem sabe, o continente europeu”, planeja Erick, que estima finalizar a parte brasileira do projeto num prazo de até um ano e meio.
“Não faço ideia de quanto tempo vamos rodar. A gente quer viajar, mas sem aquele sentimento de ‘amanhã precisamos estar em tal lugar’. É tudo no tempo de Deus, bem tranquilo e sem pressa. Eu amo dirigir, amo estar em lugares diferentes”, finaliza o viajante.
Para acompanhar o dia a dia do casal, basta seguir as atualizações publicadas por eles no Instagram e no YouTube.
