
É bastante comum encontrar baleias-francas desfilando seus movimentos encantadores neste período do ano na costa brasileira. Mas encontrar uma dessas semialbina, ainda mais no Litoral Norte gaúcho, não é tarefa fácil.
O publicitário e fotógrafo Marcelo Langon foi presenteado com esse raro privilégio, na última segunda-feira (22), em Xangri-Lá. Ele estava no balneário Rainha do Mar quando avistou um filhote de baleia-franca semialbina passeando próximo à orla.
“Branco! Sim, é um filhote branco!”, foi o que exclamou o fotógrafo ao perceber que se tratava de um raro filhote semialbino. Ao Litoral na Rede, Langon conta que esta foi a primeira vez que encontrou um filhote desse tipo na costa gaúcha, mas que espécies semelhantes já haviam sido fotografadas por ele em praias de Santa Catarina. O profissional afirmou que é acostumado a fotografar baleias-francas, mas encontrar um filhote com esta característica é “sempre motivo de muita alegria”, nas palavras dele.
O albinismo nas baleias-francas também é considerado raro. Os filhotes nascem brancos com pintas pretas e, ao longo do seu crescimento, vão ficando com tonalidade cinza escuro, sendo, então, denominados de semialbinos.

Karina Groch, diretora de pesquisa do projeto Franca Austral (ProFranca), explica que as baleias-francas semialbinas nascem brancas com pintas pretas e adquirem uma coloração acinzentada com o passar do tempo.
Ela está a frente do projeto mantido pelo Instituto Australis e que realiza pesquisas e o monitoramento das baleias-francas na região Sul do Brasil, especialmente no litoral centro-sul de Santa Catarina, há cerca de quatro décadas. “Por nascerem assim, branquinhos, eles chamam bastante atenção e viram atração”, afirmou Karina ao Litoral na Rede.
Segundo ela, a última contagem oficial de baleias-francas registrou, somente em Santa Catarina, 86 exemplares , incluindo 40 filhotes pretos e apenas um filhote semialbino. As calosidades presentes na cabeça dos animais servem para possibilitar a identificação da espécie.
“Os filhotes, quando nascem, demoram um tempinho para formar essas calosidades que permitem a fotoidentificação das baleias. Esses filhotes só conseguimos catalogar por conta da pigmentação preta em meio a essa pele branca”, conta. “A grande maioria dos filhotes semialbinos que nasce são machos, justamente pela combinação genética”, completa Karina.
“Eles nascem com essa coloração, que vai escurecendo conforme vão crescendo”, detalha Carla Cavassani, pesquisadora do projeto Farol das Baleias. “Ainda faltam estudos para confirmar a porcentagem de ocorrências desses indivíduos na população do Brasil”, completa Ticiana Fettermann, coordenadora do projeto que integra o programa de pesquisa desenvolvido pelo Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (GEMARS).