A Polícia Civil (PC) do Rio Grande do Sul deflagrou a quarta fase da Operação La Lumière, que investiga abusos sexuais de crianças cometidos por um empresário com o consentimento das mães das vítimas. Na manhã desta terça-feira (03), policiais e perito do Instituto-Geral de Perícias (IGP) cumpriram três mandados de busca e apreensão na cidade de Imbé, no Litoral Norte.
Os alvos são residências de três pessoas suspeitas de serem facilitadoras da prática criminosa. A finalidade desta etapa, conforme a PC, é buscar mais elementos para as investigações. Foram apreendidos documentos, computadores e telefones celulares.
Conforme a titular da 1ª Delegacia da Criança e do Adolescente, delegada Camila Franco Defaveri, há indícios de que essas pessoas, alvos dos mandados, tenham envolvimento nos crimes.
“Temos delações por parte das investigadas, que estão presas pelos crimes de exploração sexual infanto-juvenil, informando a participação de outras pessoas envolvidas nos crimes cometidos pelos acusados. Também conversas extraídas da nuvem do investigado apontam para o envolvimento de outras pessoas nos crimes.”, disse a delegada que coordena a operação.
A ação desta terça-feira mobilizou nove policiais da 1ª Delegacia da Criança e do Adolescente e equipes da PC de Tramandaí e Imbé. Também participaram seis peritos da área de Informática do IGP.
Quatro mães e empresário acusado de abusar de crianças estão presos
A primeira fase da operação foi deflagrada no fim de abril, a partir de denúncia de que três meninas, de 8,10 e 12 anos, estariam sendo submetidas aos crimes de exploração sexual, prostituição, estupro e derivados do crime de pornografia infantil.
Na época, a polícia realizou buscas em dois endereços do empresário, na cidade de Imbé, e prendeu o homem de 41 anos. Em Porto Alegre, os agentes prenderam a mãe das crianças, uma mulher, de 47 anos. Ambos seguem no sistema penitenciário.
No dia 17 de maio, outras duas mulheres foram presas, em Cachoeirinha e Alvorada, na Grande Porto Alegre. A investigação apontou que elas também teriam submetido às filhas aos abusos sexuais do empresário em troca de dinheiro.
Uma delas, moradora de Cachoeirinha, de 26 anos, é estudante universitária e digital influencer, e teria explorado a filha de seis anos de idade. A outra, de Alvorada, tem 23 anos, é garota de programa e estudante de curso técnico de enfermagem e tem duas filhas, de 1 e 3 anos, que também teriam sido vítimas.
No fim de maio, outra garota de programa, de 25 anos, acusada de explorar sexualmente a filha de 3 anos de idade, foi presa em Porto Alegre.
Cardápio com valores dos abusos
A PC informou que, com a apreensão dos aparelhos do empresário investigado, “pode-se confirmar que se trata de um criminoso contumaz, que busca conhecer mulheres com filhos pequenos”. Segundo a investigação, o homem buscava mulheres com filho pequenos, em sites de prostituição e realizava pagamentos por PIX.
“Em seguida, iniciam as combinações, remetendo a tabelas de valores a serem pagos por ele para a prática de determinados atos com as infantes. O “cardápio” com valores dos abusos, enviando, inclusive, imagens de animes, já com o modelo do abuso. Após, combinado os valores, marcavam o encontram, em locais reservados, em hotéis nas cidades ou em uma de suas residências em Imbé”, detalhou a delegada Camila Franco Defaveri.
Como denunciar
Disque-denúncia 0800 510 2828 WhatsApp e Telegram (51) 9 8418 7814
Disque 100 – Vítimas ou testemunhas de violações de direitos de crianças e adolescentes podem efetuar a denúncia através do Disque 100, serviço do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. A ligação é gratuita, funciona 24 horas e pode ser feita de qualquer parte do Brasil, todos os dias da semana. Também é possível realizar a denúncia pelo site. Nos dois casos há a possibilidade do anonimato.
Conselho Tutelar – Deve ser acionado nos casos de violência, inclusive por familiares, de ameaça ou humilhação por agentes públicos, e de atendimento médico negado. O Conselho Tutelar é um dos órgãos de proteção e também recebe denúncias de violações dos direitos das crianças e adolescentes.
Disque 180 – Em casos de violência contra mulheres e meninas, seja violência psicológica, física, sexual causada por pais, irmãos, filhos ou qualquer pessoa. O serviço é gratuito e anônimo.
Polícias – A Polícia Militar deve ser acionada em casos de necessidade imediata ou de socorro rápido. O número 190 recebe ligações de forma gratuita em todo o território nacional. Também é possível acionar as Delegacias Especializadas de Proteção à Criança e ao Adolescente.