
Um raro encalhe de uma orca ocorreu nesta semana no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. O mamífero marinho foi encontrado morto na Praia das Cabras, no município de Cidreira, próximo ao limite com Tramandaí. A situação incomum mobilizou pesquisadores do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Durante dois dias, o coordenador do projeto Fauna Marina RS, biólogo e professor da UFRGS, Maurício Tavares, realizou a coleta de amostras do mamífero marinho. Ele atuou junto com oito estudantes do curso de Biologia Marinha do Campus Litoral Norte ao longo de quinta-feira (16) e sexta-feira (17).
Apesar de a carcaça já estar em avançado estado de decomposição, a equipe identificou que a orca é um macho adulto, com mais de sete metros de comprimento. Maurício apontou que, embora essa espécie esteja presente na costa do Litoral Norte, os encalhes de orcas são incomuns.
“Embora a orca seja uma espécie que a gente sabe que ocorre aqui no Litoral Norte, é muito difícil aparecer um indivíduo morto. E desde que eu comecei a trabalhar nessa região, onde a gente monitora com frequência, é a primeira vez que encalha nos últimos 26 anos”, afirma o professor e pesquisador.
Nos últimos anos, alguns avistamentos de orcas vivas no oceano têm ocorrido no Litoral Norte. Como se trata de uma espécie que geralmente fica em águas mais profundas, esses registros costumam ser feitos com drones ou a partir de embarcações em alto-mar — como aconteceu em outubro de 2024.
Veja o vídeo:
Acervo do Museu de Ciências Naturais
A equipe que realizou a análise da orca na Praia das Cabras, entre Cidreira e Tramandaí, acredita que o animal tenha ficado bastante tempo morto à deriva, em alto-mar, devido ao avançado estado de decomposição. O encalhe incomum fortalecerá o acervo do Museu de Ciências Naturais do Ceclimar, em Imbé.

Além da coleta de tecidos para análise genética, os pesquisadores retiraram o esqueleto do animal. “O próximo passo é preparar esse esqueleto, retirar todo o resto de tecidos e deixar os ossos limpos para poder preservar esse material — esse patrimônio da biodiversidade aqui do nosso litoral — com mais uma espécie que a gente não tinha no nosso acervo”, destaca Maurício Tavares.
As orcas

Conhecidas como baleias assassinas, as orcas (Orcinus orca) são predadores de topo de cadeia, ou seja, não possuem predadores naturais. Entre suas presas estão peixes, tubarões, arraias e mamíferos marinhos, como focas, golfinhos e outras baleias.
As orcas raramente representam uma ameaça para os humanos, e nenhum ataque fatal foi registrado na natureza. No entanto, orcas mantidas em cativeiro já feriram ou mataram seus treinadores em parques temáticos marinhos.
O pesquisador do Ceclimar, Maurício Tavares, explica que, embora seja chamada de baleia em função de seu tamanho, a orca é o maior golfinho existente no mundo — pertencente à família dos delfinídeos, a mesma dos botos da barra do Rio Tramandaí.


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