
Quem esteve na Barra do Rio Tramandaí, entre os municípios de Tramandaí e Imbé, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, nesses primeiros dias do outono de 2023, provavelmente presenciou os botos e a interação desses animais com os pescadores. No início da tarde deste sábado (25), a reportagem do Litoral na Rede registrou imagens da pesca cooperativa e o espetáculo desses mamíferos marinhos.
Dezenas de pescadores se espalharam ao longo da orla do rio, do lado de Tramandaí, com suas tarrafas. Como havia vários de botos, alguns grupos de pescadores se formaram, desde as dunas até o encontro com o mar. Um dos pescadores relatou que havia pelo menos cinco botos no rio naquele momento.
O outono é o período do ano em que ocorre a maior interação entre botos e pescadores no Rio Tramandaí. É também nesta época que aumenta a chance de ver esses animais bem de perto, livres na natureza.
Veja o vídeo:
“Essa é uma estação muito importante para os pescadores artesanais profissionais de tarrafa, para os botos-de-Lahille e para ocorrência da pesca cooperativa”, informou o projeto Botos da Barra, desenvolvido pelo Centro de Estudos Costeiros Liminológicos e Marinhos (Ceclimar), do Campus Litoral Norte da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Os pesquisadores também salientam que, entre os meses de abril e junho, ocorre a temporada da “corrida da tainha”. “Nesse período, as tainhas migram em grandes cardumes, dos estuários em direção ao mar para desovar – atravessando os estuários e seus canais de maré, como a Barra do rio Tramandaí”, explica a equipe do Botos da Barra.
Na pesca cooperativa, os animais apontam aos pescadores a localização dos cardumes e aproveitam o lançamento das tarrafas para garantir a sua alimentação.
O boto-de-Lahille (Tursiops gephyreus) é uma espécie que habita águas costeiras próximas à zona de arrebentação, baías costeiras e águas adjacentes de estuários e lagoas costeiras nos estados do Sul do Brasil, no Uruguai e em parte da Argentina.
É conhecida pela sua interação com pescadores de tarrafa. Sua categorização como uma espécie ameaçada de extinção é justificada pela existência de poucos indivíduos, que têm uma distribuição restrita e muito próxima das regiões costeiras, sofrendo com a pressão das atividades humanas.