A aproximação do outono é também época em que os botos passam a aparecer com mais frequência e em grupos maiores no Rio Tramandaí. A temporada da “corrida da tainha”, quando os cetáceos mais interagem com os pescadores inicia oficialmente em abril, mas antes disso, a família da fêmea Geraldona já começa a aparecer na região da barra, entre Tramandaí e Imbé. Acesse litoral
Na manhã desta terça-feira (12), ao menos cinco botos ingressaram no Rio Tramandaí e interagiram simultaneamente com os pescadores de tarrafa. O autônomo Rodrigo Sapatos, que tem a fotografia como hobby registrou fotos e um vídeo, a partir da margem do lado de Imbé.
“Tinha uns cinco ou seis botos pulando ali. Eu estava próximo à Petrobras, onde tinha quatro pescadores. Os botos sempre levantavam a cabeça para mostrar que tinha peixe aos pescadores, bem devagar pra mostrar”, contou Rodrigo à reportagem do Litoral na Rede, ao ceder as imagens que ilustram esta reportagem.
Integrantes da equipe do Projeto Botos da Barra, que realiza o monitoramento dos animais em conjunto com os pescadores, também confirmaram a presença de cinco a seis botos durante a manhã. Eles analisaram as imagens e não conseguiram identificar qual é o boto gravado pelo leitor do Litoral na Rede.
Segundo os pesquisadores, atualmente são 12 botos que ingressam no Rio Tramandaí. A identificação é feita por características específicas, que são menos visíveis em alguns deles.
A “corrida da tainha” que começa no próximo mês se estende até junho. “Nesse período, as tainhas migram em grandes cardumes, dos estuários em direção ao mar para desovar – atravessando os estuários e seus canais de maré, como a Barra do rio Tramandaí”, explica a equipe do Botos da Barra.
Na pesca cooperativa, os animais apontam aos pescadores a localização dos cardumes e aproveitam o lançamento das tarrafas para garantir a sua alimentação.
O boto-de-Lahille (Tursiops gephyreus) é uma espécie que habita águas costeiras próximas à zona de arrebentação, baías costeiras e águas adjacentes de estuários e lagoas costeiras nos estados do Sul do Brasil, no Uruguai e em parte da Argentina.
É conhecida pela sua interação com pescadores de tarrafa. Sua categorização como uma espécie ameaçada de extinção é justificada pela existência de poucos indivíduos, que têm uma distribuição restrita e muito próxima das regiões costeiras, sofrendo com a pressão das atividades humanas.