Uma mulher é agredida a cada 8 horas no Litoral Norte

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A maioria dos casos de violência contra mulheres passa despercebida, não é noticiada e nem comentada em redes sociais ou grupos de Whatsapp como acontece com outros crimes. Mas eles ocorrem com muito mais frequência do que se imagina e no Litoral Norte não é diferente. Em 2016, por exemplo, foram registradas 1.047 ocorrências de lesão corporal contra mulheres nos 23 municípios da região, uma média de um caso de agressão física a cada oito horas. No ano passado, as delegacias do Litoral receberam ainda 1.652 ocorrências de ameaça, uma a cada cinco horas.

Os números foram apurados pelo portal Litoral na Rede com base nas estatísticas oficiais da Secretaria da Segurança Pública. E além das ameaças e agressões físicas, crimes mais graves contra mulheres também têm elevados números de registros. No ano de 2016 ocorreram 51 estupros no Litoral Norte, média de um por semana, quatro feminicídios – quando a mulher é morta dentro do contexto da violência doméstica – e seis casos de tentativa de assassinato contra vítimas do sexo feminino.

Capão da Canoa e Tramandaí, os maiores municípios da região, lideram o ranking da violência contra a mulher. Mampituba foi a única cidade onde não houve registro de nenhum caso de Lei Maria de Penha no ano passado. O Litoral Norte não possui Delegacias Especializadas em Atendimento à Mulher. Postos com esta finalidade funcionam nas delegacias de Tramandaí e Torres. Ao contrário de outras regiões do Estado, a Brigada Militar não conta com programas específicos, como as Patrulhas Maria da Penha, para atender esta demanda.

“Ele me pegou pelos cabelos e bateu com a minha cabeça na parede”, diz vítima da violência doméstica

Cristina (nome fictício para preservar a identidade da vítima) era casada há mais de 20 anos, o marido sempre foi muito ciumento, mas depois que a esposa passou a ter atividades fora de casa o ciúme se transformou em ameaças e agressões verbais. A moradora de Tramandaí registrou cinco ocorrências policiais em relação às ameaças e diz que demorou três meses para obter uma medida protetiva da justiça que impedia a aproximação do companheiro.

Em 2016, a situação se tornou insustentável. Cristina foi agredida fisicamente. “Ele pegou os meus cabelos, bateu minha cabeça na parede, meu deu chutes e socos e só não me matou porque eu consegui fugir”, contou a mulher, que hoje está separada. Ela diz que a cada agressão, além da humilhação, enfrentava o constrangimento de registrar as ocorrências. “O atendimento é no plantão da Delegacia, junto com todas as outras pessoas porque o horário da Posto da Mulher é limitado”, lamentou. Ele disse ainda que quase todas as vezes foi atendida por homens. “É ainda mais constrangedor”, salientou.

Veja como identificar a violência contra a mulher

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul preparou uma lista de comportamentos e situações que caracterizam a violência doméstica. Casos como estes devem ser denunciados pelo telefone 180.

  • Ter medo do homem com quem se convive.
  • Ser agredida e humilhada.
  • Sentir insegurança na sua própria casa.
  • Ser obrigada a manter relações sexuais.
  • Ter seus objetos e documentos destruídos ou escondidos.
  • Ser intimidada com arma de fogo ou faca.
  • Ser forçada a “retirar queixa”.

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