As baleias francas já marcam presença no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. E como são animais de hábitos costeiros, algumas já foram avistadas nesta temporada nas praias da região. Há registros em municípios como Cidreira, Xangri-lá, Tramandaí e Imbé.
Nesse fim de semana, o fotógrafo Mikael Mielke avistou e fez lindos registros das francas. “Elas estão por aqui. Avistei várias delas em Tramandaí hoje pela manhã, na tarde avistei algumas chegando em Imbé”, escreve Mikael em seu perfil em uma rede social no último sábado (25).
O biólogo, professor e pesquisador do Ceclimar/ UFRGS, Ignacio Moreno, analisou as imagens a pedido do Litoral na Rede e confirmou que os registros são de baleias francas.
“A baleia franca tem essa nadadeira trapezoidal, é quase um quadrado. Se alguém vir alguma baleia no nosso litoral, pertinho da arrebentação, toda escura, com essa nadadeira trapezoidal, pode ter 99% de certeza que é uma baleia franca”, explicou o especialista em cetáceos.
O pesquisador destaca que algumas podem ter manchas brancas e elas têm um esguicho característico em formato de “V”. “O esguicho ou aquele borrifo que a baleia faz em forma de “V” pode ser visto quando ela está bem de frente ou de costas”, esclareceu Ignacio.
As baleias francas chegam a ter 18 metros de comprimento e pesar até 60 toneladas. Um filhote consome em média 200 litros de leite por dia. No inverno, esses animais migram das águas mais geladas do extremo sul do planeta para a costa brasileira em busca de águas mais quentes, que se transformam em berçário para o nascimento das baleias.
Segundo o biólogo, as francas são muitos comuns no Litoral da região Sul do Brasil nos meses de inverno e primavera e o pico da ocorrência é em setembro. O Rio Grande do Sul é uma das mais importantes áreas de concentração e reprodução de baleia franca. “É uma espécie que é muito costeira, anda muito perto da costa. O nome baleia franca vem de “Right Whale”, ou seja, a baleia certa, era a baleia certa de caçar. Era a baleia que quando o pessoal caçava, ela flutuava porque tem uma camada de gordura muito grande, então era fácil capturar a baleia franca e trazer pra terra”, contou o especialista.
Da proibição da caça à recuperação da espécie
A caça às baleias foi proibida no Brasil em 1986 quando as francas ainda estavam ameaçadas. “Elas foram praticamente dizimadas do planeta devido à caça comercial, as populações foram caçadas quase à extinção”, destacou o Ignacio Moreno.
O pesquisador conta que no Brasil a caça às baleias francas ocorreu até a década de 1970. “Aqui no hemisfério Sul, no Brasil, na Argentina e no Uruguai, se caçou baleia de forma muita artesanal, muito localizada. Não foi uma caça tão forte quanto no hemisfério norte. A baleia franca do norte está quase extinta de tanto que caçaram”, lamentou.
Ele lembra que a partir da década de 1940 houve uma redução na caça.
“Os próprios caçadores viram que as baleias estavam se extinguindo, resolveram criar mecanismos para proteger e, aliado a isso, os governos e o países se deram conta que era necessário parar de caçar baleias”.
Na avaliação do professor da UFRGS, apesar do fim da caça e da recuperação da população de francas esses animis ainda enfrentam riscos. “Nós temos outros problemas, como as redes de pesca e a poluição dos oceanos. Então, é uma espécie que está se recuperando, mas merece cuidados”, alertou.