O Corpo de Bombeiros Militar (CBM) localizou, na tarde desta terça-feira (20), em Caraá, o corpo da última pessoa que ainda estava desaparecida em função do ciclone extratropical da última semana. Com isso, subiu para oito o número de óbitos no Litoral Norte. No RS foram, ao todo, 16 mortes.
O corpo José Beretta, de 73 anos, foi encontrado a partir da indicação de um dos cães de faro dos bombeiros, que auxiliava nas buscas. O homem sumiu na última quinta-feira (15), quando sua casa foi arrastada pela água. Com o óbito confirmado, o município de Caraá contabilizou cinco óbitos: três homens, uma mulher e uma adolescente.
No Litoral Norte, as outras três mortes ocorreram em Maquiné: duas mulheres e um homem. O desastre climático também provocou mortes em outras cidades de outras regiões do Rio Grande do Sul, sendo duas em São Sebastião do Caí, uma em Gravataí, uma em Esteio, duas em São Leopoldo, uma em Novo Hamburgo e uma em Bom Princípio.
O major Vinicius Lang, subcomandante do 9° Batalhão de Bombeiro Militar (BBM), destacou que as buscas mobilizaram 38 bombeiros. E salientou que além das pessoas encontradas mortas, a corporação teve êxito em auxiliar centenas de moradores da cidade. “Nós retiramos de risco mais de 200 pessoas, socorremos outras 36 com vida aqui no Caraá”, disse.
O comandante do 9°BBM, tenente-coronel Rodrigo Pierosan, informou que a operação foi encerrada, mas que os bombeiros seguirão à disposição da cidade. “Nós agradecemos toda a comunidade pelo apoio, o prefeito. Estamos desmobilizando a tropa neste momento. Soldados, equipes do Litoral, de Porto Alegre, cães farejadores, o Exército, Marinha, agradeço a todos de forma penhorada. Agora, partimos para a terceira etapa que é auxiliar o prefeito na reconstrução da cidade, em ações posteriores que acontecem após desastres como este”, disse o comandante.
Moradores de Caraá ainda enfrentavam dificuldades para voltar para suas casas. Nessa tarde, ainda havia pontos sem luz e água. Muitas famílias perderam tudo. Outros imóveis foram destruídos.
Na localidade da Prainha dos Fernandes, uma das mais atingidas do município, o aposentado Valdivino Pinto Pereira teve as paredes da casa arrancadas pela força da água. A sua esposa foi arrastada por quilômetros e resgatada cerca de 36 horas depois segurando-se em uma árvore.
A dona de casa Roseli Rodrigues Pereira está hospitalizada em Osório. O aposentado, no entanto, perdeu o irmão, Airton Pinto Ferreira, que morava em outro ponto da cidade.
“Estourou as paredes da casa e ela se foi. Eu achei que ela não ia voltar. O sentimento que a gente tem é feliz por ela e triste pelo meu irmão. Não tem como definir esse sentimento. É muito triste o que a gente tá passando”, disse Valdivino.