Um motorista de aplicativo passou por momentos de apuros quando aceitou uma corrida de uma mulher na noite da última quarta-feira (8), em Imbé. Ao Litoral na Rede, a vítima de 33 anos de idade, que solicitou o anonimato, relatou que foi ao ponto de partida da cliente e que no local havia mais dois homens que embarcaram no veículo. Era o início de uma noite de angústia, de medo e de desespero.
O motorista contou que eles embarcaram no automóvel e informaram que o destino era Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre. “No embarque me pagaram 80 reais e disseram que iriam pagar o restante no fim da viagem. Estranhei muito e mandei minha localização para meus colegas em um grupo do WhatsApp”.
Posteriormente os dois criminosos perceberam que o telefone da vítima estava recebendo muitas chamadas e anunciaram o assalto na Freeway. “Botaram uma faca no meu pescoço, me enforcaram, me agrediram, fizeram um terrorismo na minha cabeça” afirmou.
O motorista relatou que tentou pedir ajuda na Praça de Pedágio de Gravataí, mas a atendente não entendeu e ele teve que seguir a viagem. “Eles me guiaram por mais 70 quilômetros até a Estrada do Passo do Nazário, em Esteio. Não passei por nenhuma viatura da polícia, nada. Ao chegar no local era uma cutelaria, na entrada de um sítio pequeno. Estava tudo escuro. Senti que era ali que iriam abandonar meu corpo” contou.
A vítima contou que neste local, eles desceram do carro, pegaram o dinheiro da carteira, moedas e o revistaram. Um dos assaltantes estava com a faca no pescoço dele e soltou o cinto de segurança. “Foi quando Deus mandou uma senhora que mora nos fundos desse sítio. Eu estava com a faca no pescoço e ela gritou – o que vocês estão fazendo aí?” disse ele.
Posteriormente após a reação dessa senhora, um dos assaltantes gritou para o outro: “Vamo Juliano, vamo embora Juliano”. Em seguida, os criminosos saíram correndo e fugiram por um matagal, que segundo a vítima dá acesso a outras residências. “Dava pra ouvir os cães latirem. Na escuridão, sai com o carro em disparada pra saída do sítio. Enxerguei uma casa com o portão da garagem aberto e entrei com tudo, pedindo socorro” relatou o motorista de aplicativo.
Trauma
Há aproximadamente 72 horas após o assalto, a vítima conta que está dormindo a base de calmantes. “Estou dormindo a base de calmantes. Meus colegas fizeram uma vaquinha pra eu comprar outro aparelho celular. Fiquei com gasolina somente pra voltar pra casa. No pedágio mostrei o boletim de ocorrência e deixaram eu passar. Levaram meu telefone, o dinheiro do mês e minha paz”.
Desabafo
O motorista finaliza com um desabafo: nesse momento de dificuldade devido ao covid-19 está crescendo a criminalidade e a polícia está na praia impedindo as pessoas de ir pro mar. Se eu tivesse passado por alguma viatura tinha pedido ajuda. Pensei até em bater o carro num poste. A morte estava quase certa”, desabafou.