É só passear pela beira da praia em Tramandaí para se deparar com uma grande escultura em formato de “V”. E os palpites em torno do significado da obra são inúmeros. Há quem acredite que a pessoa por trás da escultura tenha pensado em construir algo com a primeira letra do seu nome. E não são os poucos que acham que, na verdade, exista alguma relação com as palavras “verão” ou “vida”.
Com a revitalização do calçadão, a escultura ganhou visibilidade. No último fim de semana, a foto da beira-mar da Tramandaí que mostra a obra de arte, registrada por Vinícius Batista, ilustrou a previsão do tempo do Litoral na Rede e, imediatamente, começaram a chegar questionamentos sobre o seu significado. De olho nisso, a equipe do Portal de Notícias foi atrás de respostas.
E nada mais justo do que falar com quem criou a escultura: Carem Poletto Jacobs, também conhecida como Karem Jacobs (nome artístico), que tem em seu currículo bacharelado e licenciatura em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ela é moradora de Bento Gonçalves, na serra.
De acordo com a artista, a obra surgiu a partir de um concurso promovido pelo governo gaúcho em 1998. A temática era livre e as peças seriam distribuídas pelo estado. Como Karem costuma trabalhar bastante com figuras humanas, não foi diferente com os “três vês”, que há 20 anos vêm chamando a atenção em Tramandaí.
“São três figuras humanas. O processo de elaboração da escultura começou com um estudo aprofundado sobre o corpo humano. Bem detalhado. Quando comecei a abstrair, gostei muito de trabalhar a coluna vertebral. As aberturas, que as pessoas veem como as letras ‘V’ (risos), são as colunas vertebrais.”
O nome dado à obra: Uma janela para o futuro.
Enquanto a parte de cima é composta pelo dorso, a parte mais larga do corpo, a base é formada pelos pés, a ponta mais estreita.
A artista comenta que a ideia foi fazer com que a luz do sol passasse bem no meio da estrutura, como se estivesse atravessando as figuras humanas através da coluna. Esse efeito costuma acontecer na metade do ano, já que a obra foi inaugurada no mês de junho de 1999, durante a realização da Festa do Peixe.
“Eu pedi que ela ficasse em direção ao nascer do sol. Poderíamos até ter pensado em colocar numa posição em que a iluminação seria melhor para o verão, quando tem uma circulação maior de pessoas, mas, enfim, acabou sendo posicionada naquela época do ano”, comenta Karem.
“Quando o sol nasce no verão, a luz é projetada um pouco mais de lado”.
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