
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou, na manhã desta quarta-feira (7), a Operação Krypteia, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada na clonagem e revenda de veículos furtados ou roubados. A quadrilha atuava a partir de invasões a contas do GOV.BR para acessar e manipular documentos veiculares.
A ofensiva foi conduzida pela Delegacia de Repressão aos Crimes Patrimoniais Eletrônicos, vinculada ao Departamento Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DRCPE/DERCC). Cerca de 120 policiais civis participaram da operação, que resultou na prisão de 17 pessoas. Outras cinco seguem foragidas. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão.
De acordo com a investigação, o grupo é envolvido em diversos crimes, como estelionato, falsificação de documentos, invasão de dispositivos informáticos, adulteração de sinal identificador de veículos e lavagem de dinheiro. Mandados judiciais foram cumpridos em cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro.
Como funcionava o esquema
As investigações começaram a partir de um boletim de ocorrência registrado em Gravataí. A vítima relatou ter comprado, por R$ 80 mil, um VW T-Cross anunciado no Facebook. Após receber a documentação e tentar registrar o veículo no Detran-RS, descobriu que o automóvel era produto de roubo — ocorrido dias antes no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
O líder da quadrilha, que cumpre pena superior a 70 anos de prisão em uma penitenciária gaúcha, comandava o esquema de dentro da cadeia. Ele adquiria veículos roubados no RS e SC, que eram encaminhados para uma célula especializada na clonagem e adulteração dos sinais identificadores.
Com o veículo clonado, os dados da nova placa eram enviados a um integrante do grupo no Rio de Janeiro — um jovem de 24 anos, estudante de tecnologia. Utilizando técnicas de engenharia social, ele invadia a conta GOV.BR do verdadeiro proprietário do veículo, obtendo acesso aos documentos oficiais.
Na sequência, o carro era anunciado em marketplaces por um valor abaixo do mercado, atraindo compradores. Após a negociação, os criminosos, com acesso fraudulento ao GOV.BR, realizavam a transferência da documentação. A vítima só descobria a fraude ao levar o veículo para vistoria no Detran, quando era constatada a origem criminosa do automóvel.
Enquanto isso, o dinheiro da venda já havia sido repassado à célula financeira da quadrilha, baseada em Santa Catarina, que usava empresas de fachada para lavar os valores obtidos com o crime.
Alvos e apoio operacional
A operação teve como alvos o líder do grupo, seus familiares, operadores financeiros, membros das células de clonagem e invasão de sistemas, além de envolvidos na logística e ocultação de valores.
A ação contou com o apoio das Polícias Civis do Rio de Janeiro e Santa Catarina, da Polícia Penal do RS e de outros órgãos especializados.