“Parecia que ela sentia que ia viver pouco”, diz cunhada sobre jovem morta pelo ex em Capão

Acusado de matar Kauanne Mesquita dos Santos, de 16 anos, está foragido; família suspeita que vítima pudesse estar grávida

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Kauanne Mesquita dos Santos, de 16 anos, vítima de feminicídio. Foto: Reprodução / Arquivo pessoal

[Atenção: Este texto pode ser gatilho para vítimas de violência doméstica].

A dor da perda ainda ecoa entre familiares e amigos de Kauanne Mesquita dos Santos, de 16 anos, morta a tiros pelo ex-namorado, na última quarta-feira (27), em Capão da Canoa. O Litoral na Rede conversou com a cunhada da adolescente, que relembrou a jovem com emoção e descreveu a violência sofrida nos últimos meses de relacionamento. Entre as revelações feitas pela família está o fato de que a jovem pudesse estar grávida quando foi executada.

Juliana Fagundes, esposa de um dos nove irmãos de Kauanne, contou que a vítima viveu um relacionamento conturbado com Marlon Leite de Souza, de 29 anos, apontado pela polícia como autor do crime. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça na última quinta-feira (28) e está foragido. O caso é tratado como feminicídio – termo usado para definir o homicídio de mulheres cometido em razão do gênero, ou seja, quando a vítima é morta por ser mulher, estando diretamente relacionado à violência doméstica e familiar.

Neste domingo (31), em contato com a reportagem do portal, Juliana descreveu Marlon como tóxico e dependente emocional. A cunhada recorda que, no início, a relação com Kauanne parecia tranquila, mas que o comportamento dele teria começado a mudar com o passar dos meses. Eles viveram juntos na casa de Marlon.

“Ela achava que tinha encontrado a pessoa certa, só que, com o tempo, começaram os xingamentos, depois os empurrões, até que ela aparecia na casa da mãe dela com marcas pelo corpo. Logo depois ele vinha pedir desculpas, levava presentes e ela acabava voltando. Mas dessa vez foi diferente, ela não aceitou mais. Ele já estava vivendo a vida dele, minutos antes [do crime] estava acompanhado de outras mulheres. Sempre foi assim: traía, mas não aceitava que ela largasse dele”, disse.

A tragédia aconteceu no bairro Zona Norte, em Capão da Canoa. Segundo a Polícia Civil (PC), a adolescente foi abordada pelo ex-namorado em frente à casa da família, na Rua Nicarágua, após voltar de uma festa com amigos. Ele atirou contra Kauanne e ainda fez disparos contra a mãe da jovem, que apareceu após ouvir gritos de socorro da filha. Os tiros atingiram o vidro da porta, mas não a acertaram.

Ferida, Kauanne foi socorrida e encaminhada ao Hospital Santa Luzia, mas não resistiu.

Amorosa e vivendo intensamente

Segundo Juliana, Kauanne era uma menina doce e estava sempre sorrindo. Dificilmente era vista triste ou de cara fechada. Mesmo diante das dificuldades, a jovem mantinha uma forma leve de ver a vida.

“Ela sempre dizia ‘te amo’ para a mãe, para o irmão, para as amigas e até para as vizinhas. Era muito doce, fazia amizade onde passava, sempre via o lado bom das coisas. Se chovia, dizia que era bom para dormir. Se engordava, falava que estava tudo bem, porque pelo menos estava com saúde. Gostava de reunir todo mundo, vivia intensamente cada segundo. Parecia que ela sentia que ia viver pouco”, conta, emocionada.

Suspeita de gravidez

A violência interrompeu a vida de uma jovem cheia de sonhos. Segundo a família, o principal deles era ser mãe. A cunhada contou que Kauanne suspeitava que estivesse grávida, dias antes do crime. Exames deverão esclarecer a dúvida.

“O sonho dela era dar um neto para a mãe. Dias antes ela fez testes de gravidez, dois deram positivo e um negativo. Estamos esperando o resultado da perícia para confirmar”, revela.

Buscas ao foragido

A Delegacia de Polícia de Capão da Canoa divulgou a fotografia do acusado e pede apoio da comunidade. Qualquer informação sobre o paradeiro de Marlon Leite de Souza pode ser encaminhada ao WhatsApp/telefone da DP pelo número (51) 98608-0002 ou da Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) da cidade, pelo número (51) 98416-7650.

Marlon Leite de Souza teve a prisão decretada por feminicídio em Capão da Canoa e está foragido. Foto: Polícia Civil

Denuncie

A Patrulha Maria da Penha, um dos projetos sociais da Brigada Militar (BM), busca proteger e acolher mulheres e familiares em situação de violência doméstica. O serviço pode ser acionado pelo telefone 190 da BM.

Também é possível denunciar casos de violência contra mulheres pelo Telefone Lilás 0800-541-0803 e pela Central de Atendimento à Mulher, através do número 180.

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