Parceria leva linha de produção à Penitenciária de Osório para qualificação de apenados

Iniciativa permite que presos produzam bags industriais e recebam capacitação profissional

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Espaço foi preparado para empregar 50 pessoas privadas de liberdade. Foto: Rodrigo Borba / Polícia Penal

Um novo termo de cooperação firmado pela Polícia Penal entrou em operação no sistema prisional, com foco na qualificação e ressocialização de apenados. Dois pavilhões da Penitenciária Modulada Estadual de Osório (PMEO) agora abrigam linhas de produção da empresa Sulpac Soluções em Embalagens, voltadas à montagem de bags de ráfia para transporte e armazenamento de diversos produtos.

O espaço foi preparado para empregar 50 pessoas privadas de liberdade que cumprem pena em regime fechado. O primeiro grupo, com 12 trabalhadores, recebeu treinamento e iniciou as atividades no final de setembro, utilizando seis máquinas de costura. Os demais, já selecionados, devem começar nos próximos dias, conforme o restante dos equipamentos for instalado.

Mais dois módulos da unidade serão reformados para abrigar uma segunda linha de produção, com previsão de outros 50 postos de trabalho. Todos os participantes recebem certificação em costura, equipamentos de proteção individual (EPIs) e treinamento para o Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI), em conformidade com a certificação ISO 9001 da empresa.

A meta é alcançar 700 unidades produzidas por dia, com as plataformas da Petrobras sendo o principal destino dos produtos — utilizados para armazenamento e transporte de cargas a granel, como grãos, fertilizantes, cimento, areia, produtos químicos e ração.

Segundo o empresário Muriel dos Santos Dada, a aposta no trabalho prisional surgiu por sugestão de empreendedores que já cooperam com a Polícia Penal e pelo interesse gerado após a divulgação de cases de sucesso.

“Para o setor, que está sempre com vagas abertas, é interessante capacitar e reintegrar os apenados ao mundo do trabalho”, destaca Muriel.

Por meio dos termos de cooperação com empresas, os apenados recebem 75% do salário mínimo e remição de um dia da pena a cada três trabalhados, além de as empresas oferecerem contrapartidas em infraestrutura para o presídio.

Mais do que renda e produção

Na trajetória de ressocialização, a especialização profissional tem papel decisivo na reintegração social dos apenados.

“Muitos saem sem uma profissão definida. A ideia é que construam aqui uma identidade profissional. Ser mão de obra especializada ajuda a diminuir o preconceito no retorno à sociedade”, explica a diretora-adjunta da penitenciária, Gabriela Ávila.

Além da recém-iniciada produção de bags, a PMEO mantém um termo de cooperação com uma indústria de vestuário feminino, que emprega 25 pessoas, e mais 215 apenados atuando em ligas laborais internas e artesanato. Uma terceira empresa do ramo de confecções deve se juntar ao projeto em breve, com 25 novas vagas em fase de implantação.

Para o diretor da unidade, Carlos Roberto da Silva Marques, o aumento das atividades de educação e trabalho contribui também para a ordem e disciplina interna.

“Temos quase 400 apenados estudando. Tudo isso melhora a segurança, tranquiliza o ambiente e garante condições mais dignas de permanência”, ressalta.

Em agosto, o estabelecimento inaugurou a nova sede do Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (NEEJA) Novos Ventos, junto com a formatura de 232 alunos do ensino fundamental e médio. A PMEO abriga atualmente cerca de 1.500 apenados nos regimes fechado e semiaberto.

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