Opinião: entre o apático e o vergonhoso, Grêmio agoniza e ninguém faz nada

Tricolor jogou para perder, mas escapou da derrota por um milagre

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Foto: Fernando Alves / ECJ

por Talis Ramon

O Grêmio tem colecionado apresentações desastrosas na temporada 2024. E esta quarta-feira (20) trouxe mais um capítulo triste na vitoriosa história de Renato Portaluppi: uma virada sofrida para o Juventude, um pênalti vergonhoso cometido por um lateral lamentável — e defendido por um goleiro sem culpa pelo atual momento — e um gol por acaso, no apagar das luzes, que evitou a derrota.

Não se trata apenas de mais um tropeço. As más atuações do Grêmio tornaram-se um padrão repetido de um time apático, sem criatividade e com uma defesa que parece um convite ao desastre. Qualquer um invade a área do Grêmio, desmonta os laterais, supera os zagueiros. Ainda que o goleiro Marchesín seja um dos poucos que visivelmente se esforce para evitar o pior, tem momentos em que nem ele consegue.

A noite começou com um gol bem trabalhado pela dupla de ataque inventada por Renato para o confronto mais decisivo do ano até aqui. Passe de Diego Costa e gol de Braithwaite, no terceiro minuto de partida. Parecia um prenúncio de uma partida tranquila. Mas só parecia mesmo.

No final do primeiro tempo, Mandaca subiu mais alto que todos os defensores gremistas e testou firme para empatar. Vaias na Arena. Mas, como desgraça pouca é bobagem, a direção tricolor promoveu um show de luzes no intervalo. Desconectada da realidade alarmante que o time vive, quis criar um ambiente festivo onde só havia tensão, frustração e preocupação.

O Grêmio voltou nervoso para o segundo tempo. Tão nervoso que, enquanto o técnico preparava modificações, antes mesmo dos 10 minutos, Mandaca serviu e Lucas Barbosa tocou por cima de Marchesín, virando o jogo para o Juventude.

As vaias aumentaram e só não se transformaram em algo mais forte porque o goleiro gremista defendeu um pênalti que havia sido cometido pelo displicente e comprometedor Reinaldo. Marchesín, assim como na atuação igualmente vergonhosa contra o Palmeiras, foi uma das poucas coisas boas em uma noite de notícias ruins.

Já nos acréscimos, uma falta cobrada por Cristaldo pelo lado esquerdo surpreendeu a defesa do time da Serra. Após chute cruzado, a bola desviou em João Lucas e morreu nas redes de Gabriel, garantindo o empate do alívio. Um 2 a 2 que, convenhamos, foi tão constrangedor — embora menos catastrófico — quanto seria a derrota.

Renato, que outrora foi exaltado como o grande estrategista do clube, hoje soa como uma figura ultrapassada, incapaz de se reinventar ou motivar um elenco que, embora não seja brilhante, tem recursos para apresentar um futebol minimamente competitivo. Os discursos no pós-jogo, cheios de justificativas e pouca autocrítica, soam como ecos de um passado glorioso que não se reflete mais em campo.

Sem agir para estancar a sangria, a diretoria gremista permite que o clube entre em uma espiral de mediocridade que culmina em uma briga desesperada para se manter na primeira divisão. A pergunta que fica é: quantos tropeços mais serão tolerados antes que decisões firmes sejam tomadas?

Alberto Guerra parece anestesiado. Renato parece anestesiado. O time parece anestesiado. E a torcida, talvez a única responsável pelo empate vexatório de hoje, também parece anestesiada. Todos os atores que deveriam servir como parte da solução aparentam ser apenas o epílogo de um fracasso anunciado.

O Grêmio jogou para perder, mas escapou da derrota por um milagre que, quem sabe, possa ter determinado sua permanência na Série A do Brasileirão. Agora com 40 pontos, três acima da zona de rebaixamento, o Tricolor passa a precisar de cinco pontos em quatro partidas para chegar aos mágicos 45 pontos que, segundo os matemáticos, evitariam a queda.

Um time que, quanto mais “treina”, menos joga. E que ativou o modo “seja o que Deus quiser” para tentar evitar o pior.

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