Obras em escola estadual interditada não eram prioridade para o Governo

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Os estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental Herlita Silveira Teixeira, em Cidreira, tinham aulas em situações precárias. No dia 26 de abril, após denúncias de pais dos alunos, bombeiros compareceram no local e constataram o perigo eminente que colocava em risco a vida de centenas de alunos, inclusive crianças. O prédio foi interditado e aproximadamente 750 alunos estão sem aulas.

“E não foi por falta de aviso” desabafa a diretora da escola, Itamari Teixeira. Segundo ela, desde 2014, já haviam sido solicitadas obras emergenciais no prédio para a Secretária Estadual da Educação, através da Coordenadoria Regional de Educação (CRE 11), com sede em Osório. “Após três anos, em março de 2017, foi arquivado o processo, pois as obras não eram prioridade para o Governo do Estado” lamentou.

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Foto: colaboração Litoral na Rede
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Foto: colaboração Litoral na Rede
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Foto: colaboração Litoral na Rede
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Foto: colaboração Litoral na Rede
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Foto: colaboração Litoral na Rede

A diretora informou ainda, que a situação piorou a partir de dezembro, devido a um temporal que atingiu a região. Outros pedidos de obras emergenciais foram feitos, o último no dia 12 de abril, ou seja, antes da interdição dos bombeiros. No documento, consta que a escola “está parcialmente destelhada em virtude de temporal. Apresenta infiltrações em diversas salas de aula e rachadura na parede de uma delas”.

Ao todo, aproximadamente 500 alunos estão sob responsabilidade do Estado, já que, são estudantes do Ensino Fundamental (1º ao 9° ano). Outros 234, são da Educação Infantil (crianças de 4 a 5 anos de idade) que estão sob responsabilidade do município. Desde a interdição, ocorreram reuniões na Secretária Municipal do Município, para buscar soluções.

De acordo com a secretaria municipal de Educação de Cidreira, Solange Braz, a interdição é motivada por problemas estruturais, elétricos e no sistema de gás, devido à falta de manutenção por parte do governo do Estado que é o responsável por esta escola. “O município não pode assumir a responsabilidade sobre as reformas necessárias para reverter a interdição, pois se trata de uma escola estadual. Estamos preocupados com os alunos e estamos buscando soluções para o caso” declarou.

Solução

Os 234 alunos da Educação Infantil, terão aulas no salão paroquial, já na próxima semana. O espaço foi prontamente cedido pela igreja. Segundo Solange, são 10 turmas ao todo. “As aulas serão dadas para duas turmas na manhã e outras duas no turno da tarde, em dias alternados, já a partir desta terça-feira, dia 08”, explicou.

Em relação aos alunos do Ensino Fundamental, a secretária informou que o local onde os estudantes terão aulas ainda está indefinido. Uma das alternativas seria no ginásio de esportes da Escola Municipal Marcílio Dias. “Faremos reformas emergenciais no local para que possamos acomodar os alunos das 15 turmas. Depois teremos que aguardar a liberação dos bombeiros. Essa autorização pode levar mais de 30 dias” explicou.

Não há previsão de início de obras

A responsável pela Coordenadoria Regional de Educação (CRE 11), Liane Freitas, informou ao Litoral na Rede, que as obras na escola sempre foram prioridade e destacou que quando assumiu a coordenadoria, em janeiro de 2017, fez pedidos de reformas à Secretária de Educação. “Esses processos estão tramitando e nunca foram arquivados”, garantiu.

Liane relatou ainda que a escola foi construída há 50 anos e, ao longo do tempo, foram realizados poucos reparos pelas diretoras. “Todos os meses o Estado repassa recursos para esses reparos, mas pouca coisa foi feita, a ponto de deixarem nessa situação. Logicamente esse dinheiro se torna insuficiente, pois a escola precisa de obras urgentes, o que requer planejamento e licitação” explicou.

A coordenadora explicou que, um dia após a interdição, um engenheiro da Secretária de Educação já começou a realizar um levantamento no prédio. Mas ainda não há previsão de que as obras sejam iniciadas. “É preciso que toda a documentação esteja pronta e ainda é necessário fazer uma licitação” explicou.

Documentos que a equipe do Litoral na Rede teve acesso revelam o descaso da Secretaria da Educação com a Escola de Ensino Fundamental Herlita Silveira Teixeira. Um deles é o ofício 055/2014 enviado pela direção da escola à CRE 11, que solicita obras emergências urgentes no prédio. (Veja abaixo).

A resposta só veio após três anos, em 2017. O documento abaixo mostra que a solicitação foi arquivada naquele ano. A Justificativa apresentada é que “o objeto proposto não se encontra entre os priorizados para o ano de 2017”.

Outro documento que o Litoral na Rede teve acesso mostra a solicitação mais recente encaminhada pela direção da escola, no último dia 12 de Abril.

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