“Não sabemos o dia de amanhã”, diz transplantada em caminhada pela doação de órgãos em Capão da Canoa

"E se fosse você? Ou seu filho? O 'sim' de uma família pode transformar até oito vidas", afirma Gizilaine Machado

Compartilhe

Foto: Divulgação / Redes Sociais

A dois dias da data que celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos, um grupo de 20 pessoas participou, na manhã deste domingo (25), da 1ª Caminhada de Sensibilização para Doação de Órgãos no distrito de Capão Novo, no município de Capão da Canoa.

Vestindo camisas brancas com mensagens alusivas à causa e carregando nas mãos um balão verde — cor símbolo da campanha, os participantes chamaram atenção para a necessidade de abordar o tema e ajudar a mudar o destino de pessoas que aguardam na fila por um transplante de órgãos.

Diagnosticada com lúpus, uma inflamação crônica da pele caracterizada por ulcerações ou manchas, a dona de casa Gizilaine Machado, de 36 anos, aguardou dois anos na fila para receber uma doação de rim.

Hoje, dois anos e meio após o transplante e ao lado de outros dois amigos também transplantados, Gizilaine reforça o coro pela importância de conversar com a família e se tornar um doador de órgãos.

“Não sabemos o dia de amanhã. Assim como eu sempre fui doadora de sangue sem saber que um dia o sangue que doei voltaria para mim, sei que não deve ser fácil, numa hora de sofrimento, ter que dizer sim à doação”, reflete, questionando: “Eu pergunto: e se fosse você? Ou seu filho? Apenas o ‘sim’ de uma família pode transformar até oito vidas”, complementa.

Vivendo uma vida completamente diferente daquela que levava antes do transplante, Gizilaine projeta outras edições da caminhada para buscar cada vez mais apoio à causa. “O transplante muda a nossa vida física e mental, nos proporcionando mais tempo de vida com nossa família. Amo esse projeto e seguirei [nele] por todos os meus dias”, assegura.

Lista de espera preocupa

Conforme o Ministério da Saúde (MS), o Brasil tem o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, sendo o Sistema Único de Saúde (SUS) responsável pelo financiamento de cerca de 95% dos transplantes realizados no país.

Por outro lado, mais de 40% das famílias recusaram, nos últimos anos, a doação de órgãos de seus familiares após a morte encefálica comprovada. Com a pandemia, o cenário foi ainda mais desafiador: houve uma queda de cerca de 20% no número de transplantes, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO).

Ainda segundo o MS, em 2021 foram realizados mais de 12 mil transplantes no Brasil por meio SUS. A lista de espera por um transplante no Brasil tem quase 52 mil pacientes adultos ativos e outros 1 mil pediátricos, segundo dados da central nacional de doações no Ministério da Saúde e das 27 centrais estaduais de transplantes.

Conforme a ABTO, o doador vivo pode doar um rim, medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue), parte do fígado (em torno de 70%) e parte do pulmão (em situações excepcionais).

Já um único doador falecido pode salvas mais de oito vidas, podendo doar coração, pulmão, fígado, os rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

Compartilhe

Postagens Relacionadas