“Não parava em pé”, diz filha de aposentada sobre motorista de Camaro que invadiu casa em Capão da Canoa

Litoral na Rede conversou com uma das três filhas da idosa que teve a residência parcialmente destruída por carro desgovernado, na noite de sábado

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Cozinha da residência ficou parcialmente destruída. Foto: Divulgação

A noite do último sábado, dia 30 de julho, não será esquecida tão cedo pela enfermeira aposentada Maria Lenir Sarmento, 64 anos. O relógio recém havia marcado 23h30 quando um grande estrondo, vindo da cozinha de onde acabara de sair com seu companheiro, deu início a um transtorno imenso na vida da idosa.

Ainda sob forte impacto e sem entender o que havia ocorrido, Lenir e o namorado se dirigiram à cozinha, onde se depararam com um veículo literalmente dentro de casa. E não era qualquer carro: um Camaro preto, avaliado em aproximadamente R$ 230 mil, desgovernado, subiu a calçada, atravessou a tela que cerca o terreno e colidiu contra parte da estrutura da casa da aposentada. Além da parede e do teto, a pia, o fogão e a máquina de lavar de Lenir foram destruídos com a força do impacto.

Na noite de domingo (31), quase 24 horas após o susto, o Litoral na Rede conversou com a professora de Educação Física Renata Pereira, 34 anos, uma das três filhas da idosa. Por telefone, ela contou à reportagem que a mãe ainda estava bastante abalada com o ocorrido. Após uma crise hipertensiva, Lenir precisou ser medicada para que sua pressão arterial – que bateu na casa dos 200/120 mmHg, pressão coloquialmente chamada de “20 por 12” – se normalizasse.

Confira a entrevista completa:

LITORAL NA REDE: Passado o susto e todo o ocorrido, como está a dona Lenir? Ela se recorda bem do que aconteceu?

RENATA: Ela lembra, sim. Ela estava com o namorado na cozinha, pouquinho antes do carro bater, e foi para a sala. Eu estava dormindo na minha casa quando recebi a ligação dela, chorando, em desespero. Sou a única filha dela que mora em Capão. Fui pra lá voando. Quando cheguei vi que o cara tinha entrado na cozinha dela [com o carro]. Ele dava muitos sinais de estar embriagado. A polícia não tinha chegado ainda, era bem recente. Fui ver minha mãe, deixei minha companheira com ela. Tava com a pressão 20 por 12. Ela não conseguia parar de chorar, estava com arritmia. Todos os móveis dela ali, a pia, o fogão, a máquina de lavar, mais a parte que caiu do teto e toda a parede. A sorte que ela não estava lá [na cozinha, na hora do acidente], senão teria morrido.

LITORAL NA REDE: E o motorista do automóvel?

RENATA: Tava tentando amarrar uma corda no carro para tirá-lo dali antes da polícia chegar. Os vizinhos tentaram impedi-lo. Ele tirou umas cervejas que estavam dentro do carro e botou no porta-malas. Chegou um menino da empresa de segurança, depois a irmã e o irmão dele chegaram. Ela [a irmã do motorista] começou a bater no segurança que estava impedindo o irmão de tirar o carro. A menina começou a bater, chegou outro segurança e os dois – o cara que bateu na casa e o seu irmão – começaram a bater no cara da segurança, que teve que revidar. Ele soltou um spray de pimenta que acabou pegando numa galera. Mas ele precisava fazer isso em forma de defesa.

LITORAL NA REDE: E aí ele não conseguiu tirar o carro…

RENATA: Não conseguiu. O pessoal dizia para ele [motorista]: “tu não vai tirar o carro”. Ele respondia: “calem a boca, eu vou dar tiro em todo mundo, eu vou matar todo mundo”. E disse que iria matar quem fosse na polícia denunciá-lo. A Brigada Militar chegou, levou ele para a delegacia, depois nós fomos também. Fizemos boletim de ocorrência, minha mãe deu depoimento. Ele se negou a fazer o teste do bafômetro, então não foi possível provar [que ele estava alcoolizado].

Foto: Divulgação / BM

LITORAL NA REDE: E a casa, como ficou?

RENATA: Toda aberta, a noite toda. A grade não teve como fechar, a parede toda aberta também. Hoje [domingo] eu consegui tapumes para fechar ali. Ficamos sem pia, sem fogão, sem gás, sem água, sem máquina. Ela vai ter que dar um jeito de refazer tudo.

LITORAL NA REDE: Vocês chegaram a procurar o motorista do Camaro?

RENATA:  Fomos ali com um advogado durante a tarde. Ele é vizinho, mora na mesma rua. Ele disse que mandaria três pessoas lá para arrumar. Mas acho isso muito perigoso. Acho que tem que fazer o orçamento, ele dá o dinheiro e a gente decide quem vai colocar lá para arrumar. Não podemos colocar pessoas desconhecidas, ainda mais depois de ele nos ameaçar. Se ele se negar, nós vamos mobilizar a família, ajudar ela a remontar a parte destruída e cobrar o ressarcimento na justiça.

LITORAL NA REDE: E vocês têm ideia de quanto foi esse prejuízo?

RENATA: Ainda não calculamos. Tem estrutura da casa, telha, reboco, portão e cerca, os móveis e eletrodomésticos. Uma pia, um fogão, isso a gente consegue comprar mais barato. O caro vai ser a parte dos materiais e mais a mão-de-obra. Não estávamos programados para um gasto tão grande. Vamos fazer aos poucos. Eu, meus irmãos e meus tios vamos ajudar. Quando ela ganhar a causa, que temos certeza que ela vai ganhar [caso seja necessário levar a questão à justiça], ela vai nos devolvendo.

LITORAL NA REDE: Já tinha visto o motorista ou o carro alguma vez?

RENATA: Eu nunca tinha visto nem ele e nem o carro aqui, mesmo ele sendo vizinho dela. Na delegacia ele estava caindo de lado, roncando, dormindo mesmo. Não parava em pé. Eu acho que ele estava muito bêbado. Ele disse que tomou Rivotril [ansiolítico que inibe as funções do sistema nervoso], mas a gente sabe que não é assim. E se tomou remédio e misturou com bebida, aí é uma “paulada”, né?

LITORAL NA REDE: Que sorte não ter acontecido algo mais grave.

RENATA: Exatamente. Vão os anéis, ficam os dedos, né? Graças a Deus não aconteceu nada com ninguém. Nos finais de semana a família toda está lá. Ficamos mais na cozinha do que em qualquer outro lugar. Felizmente não tinha ninguém lá na hora do acidente. A família vai se unir, tenho amigos que já me procuraram oferecendo ajuda. Pensamento positivo para que minha mãe consiga as coisinhas dela de volta.

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