
Os períodos de inverno e da primavera concentram o maior número de pinguins mortos na orla do Rio Grande do Sul. Nesta época, a visualização de carcaças desses animais migratórios é bastante comum nas praias do Litoral Norte e a situação é acompanhada por pesquisadores do Centro de Estudos Costeiros Limnológicos e Marinhos (Ceclimar/UFRGS).
Desde 11 de junho, a equipe do programa de monitoramento da orla, contabilizou ao menos 273 carcaças de pinguins na beira das praias da região. Semanalmente, os pesquisadores percorrem dois trechos da faixa de areia. Um dos trajetos inicia em Imbé e vai até Torres, enquanto o outro vai de Tramandaí a Dunas Altas, no município de Palmares do Sul.
Na última semana de junho, por exemplo, eles identificaram 130 pinguins mortos no trecho entre Tramandaí e Dunas Altas. Na semana anterior, houve o segundo registro mais expressivo desta temporada: 100 animais entre Imbé e Torres.
Essas aves são da espécie pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), que migram da Patagônia, na Argentina, onde se reproduzem, para a costa brasileira, em busca de alimentos. A presença desses visitantes na região Sul do Brasil é mais comum durante o inverno.
O coordenador do monitoramento e biólogo do Ceclimar, Maurício Tavares, explica que a maioria dos animais que fazem a migração é jovem e está no primeiro ano de vida, indicando um padrão de mortalidade natural que ocorre todos os anos por seleção natural.
“Muitos animais estão no mar, caçando, se alimentando e, vários deles, não conseguem driblar esses obstáculos naturais, o que a gente chama de seleção natural. Eles podem pegar alguma doença, podem ficar com inanição por não terem conseguido se alimentar adequadamente e acabam perecendo na beira da praia. Saem muito debilitados ou, às vezes, morrem no mar e o mar apenas os joga para a beira da praia”, detalhou o cientista.

Esse trabalho é realizado desde 2012 e foi suspenso nos anos de 2020 e 2021 devido à pandemia de covid-19. Além dos pinguins, os pesquisadores contabilizam carcaças de outros animais marinhos, como tartarugas, lobos-marinhos e golfinhos.
Em relação aos pinguins, o maior número de animais mortos foi identificado em 2014, 2.331 carcaças contabilizadas. Logo depois, aparecem os anos de 2022, com 1.813. No ano passado, o projeto identificou 1.561 carcaças.