
O Tribunal do Júri da Comarca de Terra de Areia condenou um homem acusado de agredir dois moradores de Capão da Canoa e enterra-los vivos em Terra de Areia. As vítimas desapareceram em novembro de 2021 e a Polícia Civil encontrou os cadáveres em fevereiro do ano seguinte.
O julgamento foi realizado nessa terça-feira (17) no Fórum de Terra de Areia. Alenir Amaral da Silva, de 56 anos, foi sentenciado a 52 anos de detenção, por duplo homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, mediante recurso que dificultou a defesa e asfixia ou meio cruel.
O júri popular foi presidido pelo juiz Daniel Paiva Castro. Os promotores de Justiça Karine Teixeira e Francisco Saldanha Lauenstein foram os responsáveis pela acusação.
Conforme o Ministério Público (MPRS), o réu e comparsas, que não foram identificados, enterraram as vítimas ainda vivas após agressões com golpes da martelo. “Enterraram as vítimas no solo, causando nestas a morte por asfixia consecutiva a soterramento”, diz a denúncia.
“Os crimes foram cometidos por motivo torpe, uma vez que motivado por suposto interesse do denunciado nos imóveis ocupados pelas vítimas, considerando seu intenso envolvimento com o tráfico de drogas, em extremo desvalor à vida humana”, afirmou o MPRS.
Relembre o caso
No dia 9 de novembro de 2021, Marcelo Barbosa Jacintho e Paulo Henrique Freire de Oliveira, de 47 e 52 anos, desapareceram após entrar em um automóvel Vectra, na Praia do Barco, onde moravam, em Capão da Canoa.
A Polícia Civil passou a investigar o desaparecimento e apurou que os dois homens teriam sido mortos e enterrados. No dia 17 de fevereiro de 2022, o dono do carro foi preso como suspeito do duplo homicídio. O homem era amigo das vítimas.

Na ocasião, testemunhas informaram aos investigadores da Delegacia de Capão da Canoa que o então suspeito havia matado as vítimas e enterrado os corpos.
No dia 22 de fevereiro, com base em informações de uma testemunha e de uma denúncia anônima, os policiais civis, com apoio do Corpo de Bombeiros encontraram os cadáveres. Eles estavam enterrados na área de uma propriedade, às margens da BR-101, na altura do quilômetro 55, em Terra de Areia.
Para a promotora Karine Teixeira, “a comunidade de Terra de Areia, através dos jurados, deu uma resposta positiva para a sociedade ao condenar o autor de um crime bárbaro cometido contra inocentes, sem envolvimento com crimes e que tiveram o azar de que traficantes tinham interesse nas suas residências”.
Já o promotor Francisco Lauenstein, destacou que “pudemos ver em plenário, o sofrimento das famílias. Além das vítimas terem sido atingidas por golpes de martelo, elas foram enterradas de cabeça para baixo, ainda vivas. E tudo isso motivado pela expansão do tráfico no Litoral”.