Idosa acorda após ser dada como morta em Cidreira

Mulher foi encontrada com vida por agente funerário; “embaixo de um cobertor, com o braço levantado e urrando por ajuda”, disse sobrinha-neta.

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Idosa de 78 anos foi hospitalizada em Porto Alegre após ser dada como morta. Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal

Os familiares de Clotilde Rieck, de 78 anos, ainda se recuperam do susto que levaram no último dia de 2021. Internada após passar mal em casa, em Cidreira, a idosa teve a morte atestada por profissionais do Posto de Saúde Eva Dias de Melo, no Centro da cidade, mas surpreendeu ao acordar quando a equipe funerária iniciaria a preparação do seu enterro. O caso veio à tona nessa sexta-feira (07) e está sendo investigado pela Delegacia de Polícia Civil de Cidreira.

Conforme Bianca Schneider, sobrinha-neta de Clotilde, a idosa estava em casa na manhã do dia 30 de dezembro quando começou a apresentar episódios de vômito. Encaminhada por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) à unidade de saúde, ela foi submetida a exames médicos que diagnosticaram um quadro de infecção urinária. Na manhã seguinte, véspera de Ano-Novo, Clotilde sofreu duas paradas cardiorrespiratórias num intervalo de uma hora, ainda dentro do posto de saúde. A equipe médica que atendia a idosa tentou reanimá-la e, após perceber a ausência de sinais vitais, confirmou o óbito às 10h.

A família de Clotilde foi avisada da morte e iniciou a preparação para o velório e para o funeral. Um funcionário da empresa que prestaria o serviço foi quem encontrou Clotilde com vida. “Ele foi fazer a remoção do corpo e viu ela embaixo de um cobertor com o braço levantado, urrando por ajuda”, relata Bianca. A notícia de que a idosa estava viva foi dada à família pelo próprio agente funerário, por volta das 13h30.

A escolha do caixão, segundo Bianca, pode ter sido decisiva para que sua tia-avó não fosse enterrada viva. “Não encontramos um caixão para o tamanho dela, por isso estávamos planejando fazer o velório no dia seguinte. Se tivesse o caixão sob medida, provavelmente ela seria enterrada viva”, diz a familiar de Clotilde. A idosa foi encaminhada ao Hospital Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre, onde segue internada e se recuperando bem. “Está superando as expectativas médicas, reagindo numa velocidade absurda. Para quem estava como morta há sete dias, ela está muito bem, falante, brincando com a equipe do hospital. Ainda está um pouco confusa, não acredita que tudo isso tenha acontecido, mas estamos tendo calma para lidar com esse trauma”, relata Bianca.

“Foi um susto muito grande. O posto não nos ligou e nem comunicou o fato. Não nos chamou para esclarecimentos”, revela, confirmando que a família acionará a justiça em busca de reparação. “Vamos tomar todas as medidas cabíveis. Muitas informações estão sendo omitidas. A declaração de óbito sumiu. Nós precisamos de respostas. Não foi algo simples. Foi um dano emocional, uma falta de respeito com os familiares. Não prestaram assistência e nenhuma informação nos foi dada até hoje”, denuncia a sobrinha-neta de Clotilde.

Procurado pelo Litoral na Rede, o delegado Rodrigo Nunes, titular da Delegacia de Polícia Civil de Cidreira, disse que a investigação está em sua fase inicial e que, por enquanto, não é possível dar mais detalhes sobre o caso. “A ocorrência foi registrada pela Brigada Militar e somente ontem (sexta, 07) chegou ao conhecimento da Polícia Civil. Foi determinada a instauração de um inquérito policial para apurar o caso. Ao longo desta semana faremos as oitivas pertinentes, colheita de documentação e, se necessário, a solicitação de perícia para esclarecer melhor o fato e avaliar eventual responsabilidade”, explica o delegado.

O que diz a prefeitura de Cidreira

Em nota assinada pelo prefeito Elimar Pacheco e divulgada na noite de ontem (07), o governo de Cidreira informou que a médica que atestou o óbito de Clotilde prestava serviços ao município através de uma empresa contratada pela prefeitura. Ela foi dispensada do seu plantão na rede municipal de saúde até a conclusão das investigações.

Leia a nota:

“ESCLARECIMENTO DE FATO OCORRIDO

Acerca do episódio do possível erro médico ocorrido no Posto de Saúde Eva Dias de Melo em Cidreira, esclareço que no dia do acontecido não estava no Município, sendo informado através das redes sociais.

No mesmo instante, contatei a diretora do Posto 24h para me inteirar dos fatos e determinei que fosse prestada toda assistência à paciente e seus familiares e que a médica fosse dispensada do seu plantão imediatamente.

Salientamos que a Administração Municipal, através da Secretária Municipal de Saúde, está apurando o ocorrido, bem como a responsabilidade da médica que atestou o óbito da paciente.

Foi registrado também um boletim de ocorrência na Delegacia da Polícia Civil de Cidreira e exigido para que a empresa contratada afaste a profissional dos serviços prestados em nosso município.

Prefeito Elimar Pacheco.”

 

ATUALIZAÇÃO – em 08/01/2022 às 19h12: a matéria foi corrigida retirando a informação de que a idosa havia acordado 40 minutos após ser dada como morta. A família esclarece que ela foi dada como morta às 10h e encontrada com vida somente às 13h30, ou seja, três horas e meia depois.

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