
A diretoria do Hospital São Vicente de Paulo, em Osório, notificou a Secretaria Estadual da Saúde (SES) sobre a paralisação completa dos serviços e atendimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) em setores que registram elevado déficit financeiro. O Litoral na Rede teve acesso ao documento e confirmou que a SES já recebeu o ofício, com data de 06 de setembro.
A notificação assinada pelo diretor presidente da Associação Beneficente São Vicente de Paulo, Marco Aurélio Pereira, informa que a suspensão do atendimento pelo SUS, conforme prevista em contrato, será no prazo de 60 dias, ou seja, na primeira semana de novembro.
“Não havendo alternativas viáveis, e depois de muita discussão, lamentavelmente a Diretoria desta Instituição e seu Conselho Consultivo, decidiram cessar o atendimento aos pacientes, usuários do SUS em alguns setores que possuem déficit financeiro elevado, quais sejam Setor Urgência e Emergência que indica um déficit mensal de 215 mil reais; o Centro Obstétrico com um déficit mensal de 168 mil reais e as Cirurgias de Urgência e Emergência”, diz o documento.
Conforme o hospital, no setor de urgência e emergência, há 14 leitos adultos e pediátricos, e são atendidos 1.578 pacientes por mês. A instituição também realiza, em média, 30 cirurgias de emergência, e no centro obstétrico são aproximadamente 81 partos a cada mês.
O Litoral na Rede entrou em contato com assessoria de comunicação da SES. Além de confirmar o recebimento da notificação, o órgão afirma que “sempre com foco no cuidado do cidadão, o Estado está tomando providências com relação ao comunicado, considerando que o Hospital de Osório é um serviço estratégico para o Litoral Norte”.
Procurada, a Prefeitura de Osório ainda não havia se manifestado até o fechamento desta reportagem. Caso ocorra um posicionamento esta matéria será atualizada.
Crise financeira
Em nota divulgada recentemente, o hospital reforçou a tentativa da atual diretoria por um diálogo com representantes dos governos estadual e municipais para demonstrar a situação crítica vivida pela instituição.
“Do todo, 60% dos serviços são prestados à população de Osório e o restante dividido entre os demais municípios. Nenhum destes presta qualquer tipo de auxílio financeiro regular ao hospital”, diz a nota, referindo-se, além de Osório, a Tavares, Mostardas, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Santo Antônio da Patrulha e Caraá, cidades para as quais o HSVP é referência no atendimento.
O custo mensal regular do hospital é de R$ 3 milhões. A receita gira em torno de R$ 1,7 milhão, sendo R$ 1,3 milhão por meio do contrato com o Sistema Único de Saúde (SUS) e outros R$ 400 mil de convênios e atendimentos particulares. O déficit mensal, portanto, bate em R$ 1,3 milhão. O hospital citou também a dívida histórica que já alcança os R$ 59 milhões.
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