
Cientistas identificaram uma presença não muito comum próximo à costa do Litoral Norte do Rio Grande do Sul: um grupo de orcas. As baleias, popularmente conhecidas como “baleias-assassinas”, foram avistadas durante uma expedição embarcada para o monitoramento dos botos-de-Lahille nas proximidades da Barra do Rio Tramandaí, entre Tramandaí e Imbé.
A equipe do Projeto Botos da Barra, do Ceclimar, Campus Litoral Norte da UFRGS, viu um grupo composto por seis a oito orcas na última sexta-feira (04). Também foram avistados botos-de-Lahille e baleias-franca.
O embarque foi realizado pelo Projeto Botos da Barra, em colaboração com o Projeto Gephyreus, uma rede internacional de pesquisa e conservação que monitora os botos-de-Lahille nas diferentes áreas de ocorrência da espécie ao longo do sul do Brasil e do Uruguai (com apoio da instituição YaquPacha).
O professor Ignacio Moreno, do Ceclimar, e coordenador do Projeto Botos da Barra, participou da expedição junto com sua equipe. Ao Litoral na Rede, o pesquisador pontuou que há vários avistamentos de orcas no litoral brasileiro e na costa gaúcha, mas geralmente de indivíduos solitários ou em duplas.
“Elas são comuns no sentido de que são amplamente distribuídas em todos os mares e oceanos, mas não são tão facilmente avistadas. Aqui no Litoral Norte é esporádico observá-las no ambiente costeiro, e tão perto da desembocadura da Barra, é algo excepcional”, avalia o especialista em animais marinhos.
O pesquisador também comenta os relatos do pescador presente na durante o monitoramento. Diego Bacelar, piloto e mestre da embarcação e pescador há mais de 20 anos, afirmou que, em décadas, não havia visto um grupo tão numeroso de orcas perto da costa.
Conforme Ignacio, os animais avistados eram fêmeas e juvenis. “Não vimos nenhum macho adulto, eles têm uma nadadeira dorsal grande que pode chegar a 1,80 metros”, explica.

As orcas machos chegam a medir até 10 metros de comprimento, sendo as fêmeas um pouco menores. Devido ao seu grande tamanho, as orcas são comumente chamadas de baleias. Elas, no entanto, fazem parte do grupo dos delfinídeos (Família Delphinidae), que engloba as orcas, baleias-piloto, golfinhos, botos-de-Lahille, entre outros.
Sobre a fama de “assassina”, Ignacio Moreno pontua que isto está relacionado a espécie ser um predador de topo de cadeia, mas ressalta que não há registro de ataques a pessoas em ambiente natural.
“Ela é um predador de topo, se alimenta de outras baleias, golfinhos, raias, lobos e leões marinhos, tubarões… Não há registros de orcas atacando seres humanos na natureza. Já em cativeiro pode ser diferente, com alguns casos de ataques a treinadores, mas entende-se que isso ocorra principalmente pelo estresse que o animal sofre em confinamento”, esclarece o professor.
