



Uma toninha, menor espécie de golfinho, ameaçada de extinção foi encontrada morta na manhã deste sábado (19), em Cidreira. A carcaça do animal estava na areia nas imediações da guarita 185, no Centro da cidade do Litoral Norte.
O fotógrafo Nicolas Pacheco se deparou com o animal morto por volta das 11h da manhã. “Muito triste chegar na praia e nos deparamos com esta cena”, escreveu Nicolas em um publicação na rede social. Ele cedeu as fotos ao Litoral na Rede.

O biólogo e pesquisador Maurício Tavares, do Centro de Estudos Costeiros Liminológicos e Marinhos (Ceclimar) da UFRGS analisou as imagens da toninha morta. Ele avalia que há sinais de interação com redes de pesca o que pode ter provocado a morte do golfinho.
“Pelo tamanho, parece ser um animal jovem. Na ponta do rostro, que é aquela parte que o pessoal chama de bico, dá pra ver marca de rede. Onde tem um vinco bem marcado, é de rede. A rede tem uns gomos em formato de losango e o bicho fica preso pelo rostro. Provavelmente é uma captura acidental”, disse o biólogo.
O pesquisador salientou que as marcas na parte superior da carcaça, no entanto, não estão relacionadas a redes e parecem ter sido causada por cães que mexeram no animal morto na praia. “Aquelas marcas no dorso, onde tem a nadadeira dorsal da toninha, provavelmente é unha de cachorro. Eles ficam mexendo na carcaça com as patas”, detalhou.
A toninha é uma espécie de pequeno cetáceo. O pesquisador salienta que é o golfinho mais ameaçado de extinção do Oceano Atlântico Sul Ocidental. “Ela é endêmica desta região, só existe no Brasil, no Uruguai e a na Argentina, em águas normalmente costeiras, até 30 metros de profundidade. (A toninha) se alimenta de pequenos peixes que vivem no fundo da coluna d´água e, por isso, ela acaba interagindo com essas redes que ficam no fundo, que são redes de emalhe, colocadas pra pegar espécies de peixes e acabam capturando acidentalmente as toninhas”, explicou Maurício.
O biólogo do Ceclimar destaca ainda que as capturas acidentais da espécie são muito comuns e que a costa do Rio Grande do Sul é uma das áreas que têm os maiores índices de captura. “É um mamífero que respira por pulmões, então precisa subir à superfície para respirar, pegar o oxigênio. Por isso, quando ela fica presa nas redes de pesca, acaba entrando em colapso e não conseguindo subir para respirar e morre”, finalizou o pesquisador.