Uma manifestação contra a suspensão de serviços e a possível onda de demissões no Hospital Beneficente São Vicente de Paulo (HSVP) está prevista para acontecer em Osório, na manhã desta sexta-feira (26). Trabalhadores da instituição e integrantes da comunidade local deverão ir às ruas para protestar e pedir ajuda ao poder público.
O protesto foi marcado após a divulgação de uma nota, no último sábado (20), onde a instituição fala em demissão de funcionários e a interrupção do serviço de plantão em ortopedia e traumatologia a partir a partir do próximo mês.
Ao Litoral na Rede, a enfermeira Fernanda Padilha, uma das integrantes da comissão de funcionários que organiza o protesto, explicou que o ato iniciará às 9h em frente ao hospital. Após, os manifestantes deverão se dirigir até a Prefeitura de Osório em uma passeata. A previsão é de que cerca de 200 pessoas participem.
A técnica de enfermagem e colaboradora do HSVP, Denise Eberrhardt, também foi ouvida pelo Litoral na Rede. Segundo ela, a manifestação é dos funcionários do hospital e da comunidade. “Entendemos que o problema do hospital já vem de anos, e que não é culpa da atual gestão municipal. Porém, estamos apelando ao senhor Roger [Caputi, prefeito de Osório] uma solução para que nosso hospital não feche serviços, como o centro obstétrico, emergência e especialidades”, afirmou Denise.
Ainda segundo a técnica e colaboradora, o hospital está sobrecarregado, pois muitos pacientes que deveriam ser atendidos na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e nas Estratégias de Saúde da Família (ESF) se dirigem ao HSVP. “Nosso município tem duas portas de urgência e emergência hoje, porém, a UPA não recebe nem o SAMU nem a CCR Via Sul por não ter credenciamento”, explica, mencionando, respectivamente, o Serviço de Atendimento Médico de Urgência e a concessionária que administra as rodovias BR-290 e BR-101. “Estes atendimentos ficam de responsabilidade do hospital”, complementou Denise.
Crise financeira
Em nota divulgada recentemente, o hospital reforçou a tentativa da atual diretoria, inúmeras vezes, por um diálogo com representantes dos governos estadual e municipais para demonstrar a situação crítica vivida pela instituição. “Do todo, 60% dos serviços são prestados à população de Osório e o restante dividido entre os demais municípios. Nenhum destes presta qualquer tipo de auxílio financeiro regular ao hospital”, diz a nota, referindo-se, além de Osório, aos municípios de Tavares, Mostardas, Palmares do Sul, Capivari do Sul, Santo Antônio da Patrulha e Caraá, cidades para as quais o HSVP é referência no atendimento.
O custo mensal regular do hospital é de R$ 3 milhões. A receita regular gira em torno de R$ 1,7 milhão, sendo R$ 1,3 milhão por meio do contrato com o Sistema Único de Saúde (SUS) e outros R$ 400 mil de convênios e atendimentos particulares. O déficit mensal, portanto, bate em R$ 1,3 milhão. O hospital citou também a dívida histórica que já alcança os R$ 59 milhões.