Familiares de jovem morto durante intervenção policial fazem protesto em Tramandaí

Anderson Roberto Lima da Rosa foi atingido por disparos feitos por um policial militar; BM diz que ele teria reagido, mas família nega

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Manifestação em Tramandaí reuniu familiares e amigos de jovem morto por policial militar. Foto: SPM Advogados

Uma semana após a morte de Anderson Roberto Lima da Rosa, de 29 anos, durante uma intervenção da Brigada Militar (BM), familiares e amigos do jovem realizaram uma caminhada, na tarde deste domingo (10), em Tramandaí. O protesto partiu da frente da casa da família, onde aconteceu o fato, no bairro São Francisco II, e seguiu até o Centro da cidade.

Anderson morreu na noite de sábado, 2 de setembro, no Hospital Tramandaí, após ser atingido por quatro disparos de arma de fogo feitos por um policial militar na Rua Princesa Isabel. Foram três tiros nas pernas e um no abdômen. Uma equipe da BM acompanhava o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) acionado pela família porque o rapaz, que sofria de esquizofrenia, estaria tendo um surto.

Em nota oficial, o 2º Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (BPAT) informou que o jovem teria reagido e tentando pegar a arma do policial, e que os disparos com arma de fogo ocorreram após tentativa de imobilizá-lo com uma arma de choque. A família e os seus advogados Carla Spender e Carlos Eduardo Martinez, no entanto, negam que tenha ocorrido reação por parte de Anderson.

A caminhada passou pela Rua Mário Totta e seguiu pelas avenidas Fernandes Bastos e Emancipação. Na Praça da Tainha, no Centro, houve um ato. Os familiares e amigos carregavam cartazes e entoavam pedidos de justiça. “Eu quero justiça para o meu filho. Ele não merecia”, disse Liane Andrea Rosa, mãe de Anderson.

O caso é investigado pela Polícia Civil de Tramandaí e por Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado pela Brigada Militar.

“A mãe nos relatou que ele não tentou tirar a arma do policial, em nenhum momento. Ele não reagiu, foi um despreparo para lidar com o caso”, disse a advogada Carla Spencer.  Segundo ela, Liane foi atingida por um disparo de raspão: “Não estava na ocorrência que ela havia sofrido esta lesão”, relatou.

Veja na íntegra a nota oficial divulgada pelo 2º BPAT após o fato:

“A Brigada Militar informa que está apurando as circunstâncias da ocorrência em Tramandaí, no bairro São Francisco II, ao fim da noite do sábado (02/09), que resultou no óbito de um homem de 29 anos, e presta solidariedade à família e amigos.

O apoio da Brigada Militar foi solicitado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para acompanhamento no chamado de um possível caso de surto psicótico e uma guarnição com dois policiais militares foi despachada. No local, o homem que necessitaria do atendimento do SAMU, estava em frente à residência do endereço informado. Um primeiro contato foi realizado com o indivíduo por integrante do SAMU e o homem teria tentado investir contra ele, havendo intervenção verbal de um dos policiais militares para tranquilizar a situação.  O indivíduo em questão e um outro homem teriam investido contra o policial, que fez uso de armamento de dispositivo elétrico incapacitante (Spark), sem resultar na esperada contenção.

Em seguida, o homem teria segurado o policial, tentando retirar a sua arma de fogo do coldre. O soldado, ao tentar se desvencilhar do homem, acabou fazendo uso da arma de fogo com disparos na perna do indivíduo, que insistia em investir contra o policial militar. No confronto, ocorreu outro disparo, atingindo o abdômen do indivíduo, atendido pelo SAMU e conduzido a hospital, mas que acabou chegando a óbito.

A Brigada Militar reforça que seu efetivo é constantemente treinado para uso correto das técnicas de atuação policial e obediência aos preceitos éticos de seus servidores e o 2° Batalhão de Policiamento de Áreas Turísticas (2°BPAT) está tomando as providências cabíveis para instaurar Inquérito Policial Militar (IPM), a fim de apurar os fatos em questão.”

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