Exclusivo: o desabafo da família do motociclista morto ao atropelar um cavalo em Capão da Canoa

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Júnior, a mãe e um dos filhos. Foto: Arquivo pessoal / Litoral na Rede

“Eu perdi a alegria de viver. Não estou conseguindo lidar com a situação. Eu estou morrendo junto”, desabafou o construtor Henrique de Abreu Moraes, pai do motociclista morto na noite de 21 de outubro ao atropelar um cavalo solto na avenida Paraguassú, em Capão Novo. Em  entrevista exclusiva ao Litoral na Rede o pai e a mãe de Luis Henrique Júnior Fernandes Moraes, de 25 anos, contaram como a tragédia destruiu todos os planos da família.

Era pouco depois das 23 horas de uma sexta-feira quando Júnior, como era chamado pela família e amigos, voltava pra casa. No meio da avenida Paraguassú havia um cavalo solto e ele não conseguiu frear a moto. O Jovem morreu. O animal também não resistiu. Câmeras de segurança registraram o momento exato do acidente.

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O construtor não voltaria mais para casa, no posto 5 de Capão Novo, onde era esperado pela esposa e os três filhos, os gêmeos de dois anos de idade, e o mais velho de cinco anos. “O maiorzinho chora de saudade do pai, a gente não tem como esconder deles o que aconteceu”, lamenta a avó das crianças, a dona de casa Heloisa Moraes. Os filhos e a viúva não conseguiram mais morar na residência e hoje vivem com pais de Júnior no mesmo bairro de Capão da Canoa.

O jovem deixou ainda quatro irmãos mais novos, de 18, 17, 14 e 11 anos de idade. “Afetou a vida de toda nossa família. Estamos desorientados, meus filhos estão depressivos, meu marido está depressivo”, contou a mãe. O marido Henrique enfrenta dificuldades de tocar o pequeno negócio desde que o primogênito morreu. “Eu trabalho porque eu preciso comer, porque preciso sustentar minha família, é insuportável a dor”, desabafou.

A vítima com a moto que bateu no cavalo. Foto: Arquivo pessoal / Litoral na Rede

A morte de Júnior foi quase que uma tragédia anunciada pelos moradores de Capão da Canoa, acostumados a ter que desviar de cavalos soltos na avenida que corta a cidade, principalmente nos bairros e balneários da zona norte. “A Prefeitura deveria recolher, mas dizem que não têm recursos. Às vezes tem quatro a cinco cavalos atravessando a (avenida) Paraguassú e até na Estrada do Mar”, denunciou a mãe que perdeu o filho no acidente.

Um mês depois da tragédia quase nada mudou: diariamente moradores se deparam com os animais soltos na beira da avenida e no caminho dos veículos. Segundo a família, o proprietário do equino não foi identificado até agora. “Eu não tenho raiva de ninguém, não tenho raiva do dono do cavalo.  Ninguém vai trazer meu filho de volta”, disse o construtor, com a voz embargada ao lembrar que há três anos decidiu morar no Litoral Norte em busca de qualidade de vida. “A cidade que eu escolhi, trouxe meus filhos pra cá e agora perdi tudo”, concluiu.

Dois dias depois do acidente familiares flagraram outro cavalo atravessando a avenida Paraguassú. Foto: Litoral na Rede

Afinal, de quem é a responsabilidade pelos cavalos soltos em Capão da Canoa? Porque o problema ainda não foi resolvido? Este é o assunto de mais uma reportagem especial que o Litoral na Rede vai publicar nesta quarta-feira.

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