
Editorial | opinião do Litoral na Rede
A ERS-389, a nossa Estrada do Mar, é uma velha conhecida de quem vive ou visita o Litoral Norte. Ao longo dos anos, tornou-se parte da rotina e, infelizmente, também dos noticiários. Entre uma temporada e outra, entre um verão e o próximo, os relatos de acidentes se repetem. Alguns com consequências trágicas, como o ocorrido nessa terça-feira (14), ceifando aos 28 anos a vida de um jovem motorista, e que cujas causas ainda estão sendo apuradas pela polícia.
Inaugurada no começo dos anos 1990, foi concebida para trânsito de veículos de passeio como alternativa de acesso às praias gaúchas, desafogando o trânsito da BR-101. São 90 quilômetros de estrada de pista simples, sem acostamento e praticamente sem iluminação em boa parte da sua extensão, que concentra o trânsito de moradores, trabalhadores, estudantes, caminhoneiros e turistas. Em poucos quilômetros, ela conecta boa parte dos municípios do Litoral Norte — de Osório a Torres — e, ao mesmo tempo, expõe as limitações de uma estrutura que já não comporta o tamanho do movimento que recebe.
O Litoral Norte mudou. Cresceu. Novos bairros surgiram. Condomínios foram erguidos às margens da rodovia. O número de veículos disparou, e a região deixou de ser apenas um destino de veraneio para se tornar casa de milhares de pessoas que vivem e trabalham aqui o ano todo. Mas a Estrada do Mar, infelizmente, parece ter parado no tempo, não acompanhando toda a evolução que observamos no nosso Litoral em franco crescimento.
Se adicionarmos a isso o fator imprudência, que lamentavelmente acompanha o modo de dirigir de muitos condutores, o resultado é previsível: ultrapassagens arriscadas, acidentes e a constante sensação de insegurança. São sintomas de um problema que se arrasta há décadas — e que em algum momento precisará ser enfrentado com planejamento e seriedade.
Não se trata apenas de duplicar a Estrada do Mar, embora isso seja urgente. Trata-se de repensar a mobilidade regional, de entender que o Litoral Norte deixou de ser sazonal e de reconhecer que o desenvolvimento de suas cidades depende de uma infraestrutura viária à altura.
A Estrada do Mar é, hoje, o reflexo de um crescimento que avançou mais rápido do que o cuidado com as condições de deslocamento. Mas não há como continuar adiando o debate — e, principalmente, as ações. A cada novo acidente, como o desta semana e tantos outros registrados recentemente, o problema volta às manchetes.
A região que cresce precisa de uma estrada que acompanhe seu ritmo. Porque o Litoral Norte já não cabe mais em uma pista única.










