
O boto Furacão foi visto pela primeira vez em 2019, ano que nasceu, e estava acompanhado da mãe Geraldona, a matriarca dos golfinhos que interagem com os pescadores artesanais no Rio Tramandaí. E ele, assim como seus irmãos e tios, é presença constante na barra, no limite entre Tramandaí e Imbé. Na última semana, a equipe de monitoramento do Projeto Botos da Barra registrou algumas imagens do caçula.
Os cliques feitos pelos pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) são do momento em que Furacão garante sua refeição e captura um peixe. À equipe de monitoramento, os pescadores relataram que, apesar de jovem, Furacão apreendeu bem com a mãe sobre a interação e tem se saído muito bem ao indicar a presença dos peixes aos profissionais.
O boto é um dos pelo menos 13 que entram no rio e garantem a tradicional pesca cooperativa. Os animais aponta a localização dos cardumes aos pescadores e aproveitam o lançamento das tarrafas para garantir a sua alimentação.
A relação entre os seres humanos e os golfinhos é tão próxima que os pescadores deram nomes a cada um. Eles são identificados por marcas no corpo e características da barbatana. Além de Furacão e Geraldona, o grupo conta com Bagrinho, Coquinho, Catatau, Rubinha, Rubinho, Esperança, Chiquinho, Flexinha e o Ligeirinho.
A pesca do Furacão






O boto-de-Lahille, espécie do grupo de mamíferos marinhos que ingressa no Rio Tramandaí, entrou, neste ano, na lista oficial de Ministério do Meio Ambiente dos animais ameaçados de extinção. “O boto-de-Lahille nem fazia parte das espécies de cetáceos, sendo revalidada em 2016. Nos últimos anos, passou por uma revisão do status de conservação e se entendeu que ela é uma espécie que merecia necessidade de conservação e se fez toda a abordagem das ameaças. Isso reforça a importância de salvaguardar a pesca cooperativa”, disse o professor do Ceclimar, que integra o Campus Litoral Norte da Ufrgs, e coordenador do projeto Botos da Barra Ignacio Moreno.
Segundo o pesquisador, este espécie está ameaçada por te hábitos costeiros e um população pequena, com, no máximo, 600 indivíduos adultos na área da região Sul do Brasil, do Uruguai e da Argentina. O professor lembrou que o projeto foi selecionado no Camp Oceano e, por isso, tem apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.