Entenda as principais causas das mortes de pinguins nas praias gaúchas

Encalhes de aves da espécie migratória aumentaram nas últimas semanas no Litoral Norte

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Pesquisadores apontam que maioria das mortes de pinguins na costa gaúcho é por causas naturais. Foto: Ceclimar

A presença de pinguins mortos nas praias do Litoral Norte do Rio Grande do Sul vem chamando a atenção de moradores e visitantes de cidades da região, como Tramandaí e Cidreira. Os relatos de encalhes ao Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar/UFRGS) aumentaram nas últimas semanas de setembro e nos primeiros dias de outubro.

Além disso, os pesquisadores que realizam o monitoramento da orla também identificaram o aumento de carcaças de aves dessa espécie migratória nesse período. O médico veterinário do Ceclimar, Derek Blaese, explica que a maioria das mortes de pinguins ocorre por causas naturais.

“A grande maioria desses pinguins que são encontrados são animais juvenis que estão realizando a primeira migração, então seria uma seleção natural”, detalha.

O especialista em animais marinhos aponta que outros fatores diretos e indiretos podem contribuir para a mortalidade das aves. Ele cita a possível interação com redes de pesca — embora esse tipo de situação não seja comum na região — e destaca que também não se pode descartar algum tipo de poluição no mar que afete a saúde dos pinguins e a pesca para consumo humano em grande escala dos peixes que os pinguins consomem, gerando escassez de alimento.

Derek pondera que, apesar de um número um pouco maior do que nos últimos anos, não há qualquer tipo de anomalia identificada. “Não se tem ,até o momento, preocupação com algum outro fator diferente dos que nós conhecemos e que causam a morte dos pinguins”, afirma.

Período de migração dos pinguins

Equipe do Ceclimar realiza monitoramento da praia no Litoral Norte. Foto: Ceclimar

De maio a outubro ocorre o período de migração dos pinguins-de-Magalhães, que saem da costa da Argentina em direção ao litoral brasileiro em busca de alimento.

“É comum a ocorrência de pinguins-de-Magalhães no litoral do Rio Grande do Sul e de alguns estados mais ao norte, até São Paulo, podendo se estender em algumas temporadas”, conta o médico-veterinário.

Essa migração é favorecida pela Corrente das Malvinas. “Eles se alimentam no nosso litoral durante esse período e depois retornam para as colônias reprodutivas na Argentina, onde vão se acasalar, cuidar dos ovos, trocar a plumagem e, no próximo ano, fazem novamente essa migração”, detalha Derek.

Resgates e reabilitação

Foto: Rafael Ribeiro / Litoral na Rede / Arquivo

Ao contrário dos pinípedes, como lobos, leões e elefantes-marinhos, os pinguins não têm o hábito de parar para descansar nas praias. Quando chegam à faixa de areia, normalmente já estão mortos ou bastante debilitados.

Nesses, a Patrulha Ambiental é acionada e encaminha essas aves debilitadas para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (Ceram) do Ceclimar, em Imbé.

Em setembro, a reportagem do Litoral na Rede visitou o Ceram e acompanhou o trabalho dos profissionais para reabilitar pinguins e um lobo-marinho para serem devolvidos ao oceano. Leia aqui ou assista o vídeo abaixo.

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