
Duas aldeias Guarani do Rio Grande do Sul agora contam com sistemas próprios de geração de energia solar graças a iniciativa do Projeto Ar, Água e Terra. Uma das instalações foi realizada na aldeia Teko’a Yvyty Porã (Aldeia Serra Bonita), em Maquiné. A outra, na Teko’a Anhetenguá (Aldeia da Verdade), em Porto Alegre, na Lomba do Pinheiro.
A iniciativa do Instituto de Estudos Culturais e Ambientais – IECAM tem patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. As tecnologias empregadas são adaptadas à realidade e às necessidades de cada comunidade.
Na Serra Bonita, na Teko’a Yvyty Porã, em Maquiné, uma aldeia de difícil acesso onde vive o respeitado líder Guarani José Verá, foi adotada uma solução portátil e de fácil utilização. Uma estação de energia solar pré-montada, com todos os componentes integrados.

O sistema permite que os próprios moradores conectem diretamente aparelhos como celulares, notebooks e refrigeradores, garantindo autonomia energética em situações de queda da rede elétrica.
“A escolha desta aldeia se deu pela sua localização extremamente isolada, onde o acesso é difícil e as quedas de energia costumam durar dias, comprometendo inclusive a comunicação em casos de emergência”, explica Denise Wolf, coordenadora do Projeto Ar, Água e Terra e presidente do IECAM.
“Além disso, o cacique José é um guardião das tradições Guarani, uma liderança espiritual reconhecida por sua sabedoria e referência para outras comunidades.”
O projeto assegura que os Guarani não fiquem desconectados em momentos críticos — uma demanda dos próprios moradores da aldeia. “É muito importante termos uma forma de energia que não nos deixe isolados e nos ajude com os custos de consumo”, afirmou o cacique José após receber a estação na aldeia.
O Projeto Ar, Água e Terra prevê ainda a instalação de um sistema de energia eólica no quiosque de artesanato da aldeia Guarani, em Osório, reforçando o compromisso com soluções baseadas na natureza e o fortalecimento da autonomia das comunidades indígenas.
Atualmente em sua 4ª fase, o projeto já soma mais de 30 mil mudas plantadas, dez hectares de áreas degradadas restauradas ou convertidas em roças e agroflorestas, e mais de três mil hectares conservados nas Terras Indígenas. A iniciativa também evitou a emissão de mais de sete mil toneladas de CO2-e e promoveu mais de 150 ações de educação ambiental.
Projeto Ar, Água e Terra
Desde 2012, o IECAM conduz o projeto com uma abordagem participativa e intercultural, desenvolvendo soluções em parceria com as comunidades indígenas, por meio da valorização dos saberes ancestrais e do protagonismo indígena, com apoio do Programa Petrobras Socioambiental.
Mais de 300 indígenas — entre mulheres, homens e crianças — participam conforme os dons e saberes de cada um. As ações envolvem o resgate de práticas tradicionais, viveirismo, recuperação ambiental, produção de alimentos com técnicas agroecológicas, além do intercâmbio de sementes e mudas para fortalecer a segurança alimentar e a autonomia das aldeias.