
Bem de boa e se exibindo na água, um animal marinho tem chamado a atenção de moradores, veranistas e pescadores em Tramandaí e Imbé. A primeira vez que ele foi visto ocorreu na última quinta-feira (26), na entrada do estuário, na Barra do Rio Tramandaí. A segunda, foi nesta segunda-feira (30), em uma estrutura de madeira de um quiosque, em Tramandaí.
Conforme a bióloga e pesquisadora, Janaína Wickert, do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar / UFRGS), o animal é um elefante-marinho-do-sul (Mirounga leonina). “Pela nossa experiência, achamos que os registros, de quinta-feira e de hoje, são do mesmo indivíduo. Parece ser um macho juvenil. Apesar de não ser uma espécie vista com frequência no Rio Grande do Sul, não é a primeira vez que um elefante-marinho descansa no nosso litoral”, afirmou.
Janaína foi até o quiosque, mas o animal já havia voltado para o mar para seguir a viagem. “Conversei com os atendentes do quiosque, que disseram que pela manhã o animal não estava mais lá. Caso seja avistado novamente, pedimos para que as pessoas mantenham uma distância mínima de 5 metros e não tentem alimentar, nem devolver para a água. O animal está apenas descansando e quando julgar necessário, ele volta sozinho ao mar”, orientou.
Segundo a pesquisadora, o nome comum, elefante-marinho, se dá devido a uma probóscide (uma espécie de tromba) que se desenvolve nos machos adultos e lembra a tromba dos elefantes terrestres. “Machos adultos podem atingir mais de 6,5 metros e pesar mais de 3 toneladas enquanto as fêmeas medem até 4 metros e pesam, no máximo, 600kg, ou seja, tem o maior dimorfismo sexual entre os mamíferos marinhos, com os machos chegando a ser até 5 vezes mais pesados que as fêmeas”, explicou Janaína.
A maior concentração de elefantes-marinhos é na Península Antártica. Mas, no Oceano Atlântico, há vários registros ocasionais na Argentina, Uruguai e também no Sul do Brasil. “Eles têm um ciclo de vida que alterna períodos em terra (reprodução e muda) e períodos no mar (alimentação). O tempo gasto no mar é maior, chegando a 80% do tempo de vida”, finalizou a bióloga e pesquisadora do Ceclimar.