“Ele gritava: eu não quero morrer, eu não quero morrer”, conta guarda-vidas ao lembrar salvamentos marcantes

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Sargento Mezz está no 30º temporada atuando como guarda-vidas. Foto: Arquivo pessoal

São quase 30 verões dedicados a salvar vidas e prevenir afogamentos no mar no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Everaldo Antonio Mezz atuou pela primeira vez como guarda-vidas em 1991 e já fez salvamentos em quase todas as praias da região.

Há duas décadas, o sargento do Corpo de Bombeiros trabalha na guarita 228, em Tavares, mas já passou por Torres, Capão da Canoa, Cidreira, Balneário Pinhal e Tramandaí, onde fez o primeiro salvamento da carreira, na guarita central, junto ao antigo restaurante Panorâmico.

A primeira vida salva no mar não foi a única que se tornou inesquecível nas três décadas nas guaritas das praias gaúchas. ” Tem vários salvamentos que marcaram”, afirmou o militar. Em conversa com o Litoral na Rede, o sargento Mezz lembrou de dois casos, ambos envolvendo crianças.

Ainda na década de 1990, quando estava na praia do Magistério, em Balneário Pinhal, ele salvou duas meninas que estavam se afogado. “Foi na hora da troca de turno, quando vimos tinha uma prancha com uma pessoa em cima. Quando cheguei eram duas crianças, de uns 8 a 9 anos. As meninas estavam em uma prancha agarradas, uma segurando o cabelo da outra que estava dentro da água”, recordou.

O sargento Mezz lembra ainda do salvamento de um garoto que caiu de uma boia improvisada com uma câmara de pneu. Ele estava junto com o pai, na praia, em Tavares.  “Ele gritava: eu não quero morrer, eu não quero morrer, me salva tio, me salva tio”, contou.  O militar também recorda que um colega conseguiu resgatar o pai do menino.

O guarda-vidas destaca que houve uma grande mudança no trabalho de salvamento aquático nesses 30 anos. “Antigamente quem fazia mais salvamentos era premiado, hoje nosso trabalho está mais voltado à prevenção e dá mais resultado”, avaliou.

Militar já trabalhou junto com o filho, que em três temporadas foi guarda-vidas civil. Foto; Arquivo pessoal

Mezz ensinou a profissão ao filho. Robner Mezz, de 26 anos, foi guarda-vidas civil em três temporadas. “Eu gosto muito, me sinto bem fazendo isso. Gosto de passar a experiência, de mostrar o mar”, disse empolgado.

No fim do verão 2019/ 2020, o sargento pensou em se aposentar, mas o plano foi adiado. Além da temporada atual, ele também avalia se seguirá no verão de 2022. “Eu pensei em ir embora, mas no último dia na guarita me deu uma tristeza e não fui”, disse o guarda-vidas, que trabalha como bombeiro na cidade de Dois Irmãos.

Dia Nacional do Guarda-vidas

28 de dezembro é o Dia Nacional do Guarda-vidas. No Rio Grande do Sul, entre militares e civis, mais de 1.000 profissionais de salvamento aquático estão mobilizados neste verão.  Em todo o Estado, são quase 300 postos em praias de mar de água doce, mais de 200 ficam no Litoral Norte.

O coordenador operacional da Operação Verão, major Isandré Antunes, destacou a importância do trabalho realizado pelos guarda-vidas.

“São homens e mulheres que abdicam dos seus momentos de descanso, treinando, se preparando para enfrentar um obstáculo que não é pequeno, que são as águas muitas vezes revoltas, dinâmicas que oscilam muito. (Eles) colocam a suas vidas em risco para oferecer as suas habilidades em prol da segurança de outra pessoa”, afirmou o oficial do Corpo de Bombeiros Militar (CBMRS).

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