
O comércio tem grande expectativa de crescimento nas vendas para o Dia das Crianças, em relação ao ano passado. A data é celebrada no dia 12 de outubro (sábado), feriado nacional do Dia de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
A expectativa de crescimento nas vendas, neste ano, é apontada pela Fecomércio-RS, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Tramandaí Imbé, entre outras entidades. O Dia das Crianças é a terceira melhor data para o setor do comércio varejista; fica atrás apenas do Natal e Dia das Mães.
“Além do varejo, o movimento não se restringe à compra de brinquedos físicos e roupas, sendo importante considerar também a dinâmica crescente dos itens digitais e outros serviços que ganham espaço também na cesta de consumo das crianças e, portanto, são possibilidades de presentes para a data”, diz a Fecomércio-RS, que avalia que as vendas serão positivas.
Na mesma linha, a presidente da CDL Tramandaí Imbé, Nara Müller, afirma que as expectativas de vendas também são positivas. A entidade conta com 240 associados.
“Nossas expectativas são boas. Esperamos sim, que as vendas sejam maiores em relação ao ano passado. Nossos associados estão preparados para atender a demanda. Tramandaí e Imbé tem uma variedade de lojas, com excelentes produtos, como brinquedos e roupas infantis”, informou Nara Müller, ao Litoral na Rede.
Em sua avaliação, a Fecomércio-RS destaca que, apesar das condições conjunturais serem importantes como suporte ao consumo na data, dois outros fatores são especialmente relevantes para as vendas em 2024. Se por um lado a tragédia natural implicou a destruição líquida de mais de 30 mil postos de trabalho formais em maio e junho deste ano (dados Novo Caged), os dados de julho de 2024 apontam para um processo de recuperação com a contratação líquida de 6,7 mil trabalhadores formais.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Trimestral (Pnad) mostram que a massa salarial real dos trabalhadores do Rio Grande do Sul atingiu R$ 20,7 bilhões no segundo trimestre deste ano, com crescimento de 8,7% em relação ao mesmo trimestre de 2023, mesmo sem ter mudança no contingente total de ocupados estimado pela pesquisa.
Ainda, diante da tragédia, um montante expressivo de recursos (superior a R$ 10 bilhões) reforçaram a renda disponível das famílias. Além de novos recursos destinados como auxílio aos atingidos diretamente, também houve liberação de recursos na forma de FGTS (R$ 3,2 bilhões), restituição antecipada do imposto de renda (R$ 1,1 bilhão), antecipação de benefícios previdenciários (R$ 4,2 bilhões), antecipação do Bolsa Família e, também, parcelas extra de seguro-desemprego.
Por mais que uma parcela considerável desse excedente tenha sido e esteja sendo destinada especificamente para a reconstrução e recomposição das perdas – que fica evidente pelos dados de desempenho do varejo de móveis, eletrodomésticos, equipamentos etc – o efeito do reforço da renda das famílias transborda e também influencia a dinâmica de outros segmentos varejistas.
Tragédia natural
Para além da conjuntura, outros dois aspectos com repercussão sobre a data também devem ser considerados com atenção pela avaliação da Fecomércio-RS.
Um deles diz respeito ao impacto da tragédia sobre o conjunto de preferências dos consumidores, sobretudo no que diz respeito aos efeitos da mobilização diante do impacto das enchentes sobre as famílias. Esse fator, apesar de difícil mensuração, indica que as vendas para o Dia das Crianças podem ser impulsionadas a partir do engajamento de pessoas em iniciativas e campanhas de doação de brinquedos e presentes.
O outro aspecto importante tem um caráter estrutural: a demografia. A queda de fecundidade acentuada no estado (o RS tem a sétima menor taxa de fecundidade, tendo passado de 2,52 para 1,51 filhos entre 2000 e 2023) implica um contingente de crianças que diminui ano-a-ano. Dados das projeções populacionais indicam uma contração de 0,9% na faixa populacional de 0 a 14 anos em 2024 em relação a 2023. Em 10 anos, a redução foi de 8,9%.
Mesmo que estruturalmente o potencial de presentes ao longo do tempo no RS possa apresentar tendência declinante e ano-a-ano exerça contribuição negativa sobre a data, o conjunto dos demais fatores dá suporte a uma expectativa positiva para as vendas no Dia das Crianças de 2024, sendo estimado crescimento real em relação às vendas de 2023.
A Fecomércio destaca, também, que a própria dinâmica inflacionária neste ano se mostra mais favorável às compras típicas do Dia das Crianças, com preços dos brinquedos (dados IPCA[1]) registrando quedas de 1,73% no Brasil e de 0,63% na Região Metropolitana de Porto Alegre no acumulado em 12 meses até agosto. A roupa infantil também teve uma evolução e preços mais favorável (0,49% no BR e 0,97% na RMPA) do que a dinâmica dos preços médios na economia.